Que seja mágico sua estadia neste recinto
Que se estenda sua plenitude soberana
Sobre esse corpo débil quase instinto
Que se acorrenta ao amor duma menina

Mão menospreze o hospedeiro que te guarda
Não feristes esse musculo tão deprimido
Que se feriu com um fio de sua espada
Que viu valentes e guerreiros sendo oprimido

Que viu a essência de um homem sendo açoitado
Viu a liquida transformação de suas amarguras
Rolar no rosto desse ser encasmurrado
Por ser incapaz de tirar suas ataduras

Seja magico como rogo em teu clamor
Seja puro como âmago que tu ostentas
Reflita em mim sua magia o seu amor
Seja meu pilar a base que me sustenta

Jorge Santoli

@abracoepoesia

Findaste o ciclo vicioso
Pungente e tenebroso
Da rememora, lastimoso
Ressaliente impiedoso

Do infortúnio pecaminoso
Afeto vil, pegajoso
Dileto doentio impetuoso
Amantes abrasador afetuoso

Frustrado tórrido aventuroso
Desiludido e esperançoso
Desvaneio amoroso

Duplo fecho silencioso
Almas mórbida, lastimoso
Que se adota ao fim doloso

Jorge Santoli 

@abracoepoesia

A última palavra pronunciada na hora errada
O som do desassossego previamente ouvida
Parecia tudo normal
Quando o normal é a realidade de um louco
O louco não é visto como um tal
Mas sua insípida consciência
Transtornada tira-lhe o sono
Seu desejo insaciável
Sua agonia
Faz virar-lhe a noite
Em claro
Só
No escuro da sua essência
Caiu
Partiu o coração
Ao saber da sua realidade metamórfica

Jorge Santoli

@abracoepoesia

Apavorado, atordoado
Assim acorda o inocente
Sendo perseguido
Exprimido por sua consciência
Seus atos, seus fracassos

Mas como isso pode ocorrer
Com um inocente
A doença da loucura engana

 falsa cura
Engana quem os vê de fora
E cura para outra loucura

O inocente não é mais gente
É um reflexo da existência
Ele sofre e ninguém sabe
Ele delira e ninguém vê...

Jorge Santoli

@abracoepoesia

Na chegada avistava-se uma linda e sorridente companhia

Cheio de luz avivada, de braços abertos, calorosa em sua recepção,

E penosa em sua despedida, era a vez de entrar, ficar e parti

Pois é assim que é a natureza, é assim que se faz parte dela

O nada não existe, a existência é uma dadiva que se consiste em ser,

De sentir, de estar.

Os momentos ficam registrados na portaria da saudade

O horário de quem entrou em nossas vidas e fez parte de nossa história,

Quem saiu despercebido, ficam tudo ali registrado,

A saudade e a dosagem de quanto ela se fez presente,

É o ponto de equilíbrio do agora e do antes.

A portaria de saudade está sempre em movimento, idas e vindas sem tempos determinados.

Olha para mim senhor
Minhas pernas não conseguem carregar mais o meu corpo
Minhas vistas estão cada vez mais turvas
Meu coração palpita cada vez menos
E menos eu consigo compreender
O sentido de viver, nesse mundo belo e cruel
Cheio de incertezas dúvidas e meias-verdades
Alguns acreditam em governos outros apenas são governados
No final todos estão errados e ao mesmo tempo cegos
Não peço que me remova
Só me devolva o paraíso.

Jorge Santoli

@abracoepoesia 

Enquanto isso numa sala de espera de uma terapeuta:
Em algum lugar da cidade.
-O que eu estou fazendo aqui?
-Eles vão pensar que sou louco
-Será que estou ficando?
-Não! Isso não, olha para mim, o que tem de errado?
-Todo mundo surta de vez em quando
-E afinal de médico e louco todo mundo tem um pouco
-Minha perna não para de balançar, será que é sintoma?
-Isso estar me tirando o ar, preciso de ar!
-Tenho que ir! Tenho que ir!
De repente soou uma voz da recepção
-Próximo...

Jorge Santoli

@abracoepoesia

Tudo estar perfeitamente em seu devido lugar
Um dia comum de uma equilibrada moça da cidade grande
Alisando seus cabelos e pensamentos a vagar
-Será que estou gorda, qual roupa devo usar?
-Fico bem de vermelho? Aí aquela chata vai estar lá
-Meu Deus! onde estar meu celular?
-Não posso esquecer de depilar
-Aí que droga estou rimando em pensamento
-Ele vai gostar de mim?
-Uhmmm, quem mexeu nas minhas coisas!
-Esse sapado não estar legal
-Aí borrei de novo, maldito batom barato
-Essa droga de música não sai da minha cabeça
-Tenho que malhar, essa calça está apertada
-Tenho que me manter tranquila
-Preciso urgente de uma psicóloga
-Às vezes esqueço que sou uma
-Pode entrar o próximo....

Jorge Santoli

@abracoepoesia

A trágica ida ao fim do mundo

Um mergulho profundo na subsistência da vida

Da partida do adeus ou até breve

Até o ontem se fez presente, na ausência da sua beleza

Recaída no lamento, no pranto e na dor

As flores não estão mais coloridas

O Sol ficou só, depois da chuva

E não teve graça na graça do palhaço

Nem palavras de consolo da boca do padre

Assim vai e outros subsistem

Jorge Santoli

@abarcoepoesia

Querido Sonho Impossível 

Como pode existir um sonho
Se ele é impossível?
Se é impossível como pode ser querido?
E se provou do sonho!
Como pode ser um sonho?
Foi realidade? Ou fantasia?
Foi um sonho ou agonia?
Gostar de quem não pode estar
Sair quando se quer ficar
Sorrir quando se quer chorar
Falar quando se quer gritar
Quietar quando se quer lutar
Bate bem forte dentro do peito
Bate bem forte!
Deitar e não dormir
Pensar, pensar e se iludir
Bate bem forte!
A dor aumenta os olhos procuram
Seu rosto no escuro
Bate bem forte!
Bate o desespero
E fala a razão:
-Para! Ou você vai enlouquecer
-Tenho que parar.
Bate forte!
E fala a emoção:
-Eu te quero agora, agora.
-Eu preciso, preciso.
Bate forte!
Bate como nunca bateu
Dias e noites intensivas
O corpo sucumbiu
Isso é peça da natureza
Isso é jogo dos deuses
Isso é valsa das odisseias
Isso é nota imperfeita
Inspiração para o poeta
Música de fim de festa
Bisturi de especialista
Repousando sobre o tecido
Abrindo e abrindo essa ferida
Bate forte!
Pois não há mais o que dizer
Os dias são tão fúteis
As noites abomináveis
Tudo é cinza sem você
E o sonho?
Bate forte utopia
Como alguém já dizia
É impossível é imperfeito
É desse jeito.

Jorge Santoli 12/01/23 

@abracoepoesia

Maria

Maria queria viver, depois queria morrer
Maria queria amar, mas não tinha a quem amar
Maria ficou sozinha!

Maria queria sorrir mais se pôs-se a chorar
Maria pediu socorro, mas não havia a quem chamar
Maria ficou?

Maria se questionou, dias e noites afins
Maria não tinha respostas
Maria!
Maria se cansou não queria mais chorar
Maria se ergueu, com muita perseverança

Maria! Maria! Quantas dessas tem num dia?
Quantos dias tem a Maria?
Quantos dias tem?
Quantos dias!
Quantos?

Jorge Santoli 11/01/23

@abracoepoesia

Predestinado

-Deverias estar muito ferido, exausto e triste

Pois em seus ombros levastes um peso maior que o próprio corpo.

Suportado.

-Deverias estar decepcionado com seus amigos

Onde eles estavam?

Superado.

-Deverias estar bravo com o pai que lhes abandonou

Não deu ouvido à sua súplica

Compreendido.

-Deverias estar desapontado com seu povo

Que vos condenou a morte

Perdoado.

Porventura o Senhor é Deus?

Jorge Santoli 11/01/23

@abracoepoesia

Findar da Noite

Minha meiga e suave noite

Meu ponto de ancoragem

Minha parte do meu dia

Minha parada na viagem 

Apreciada e cobiçada serenidade

Desfruto do seu charme envolvente

Sua cor obscura da pura liberdade

Circunda esse corpo dependente 

Abraça-me com seu manto

Toma-me em seus encantos

Leve-me para os meus sonhos

De tamanhos desencantos

Beija-me com beijo lunar

Ilumina-me estrela cadente

E ao a noite findar

Em te me encontro novamente.

Inexplicável

Como explicar o inexplicável?

Sair quando estar preso em si mesmo?

Acreditando em suas emoções e sentimentos

titulando-as como algo infinito

De belo nome,

Dito por nobres e plebeus,

Motivos de batalhas.

E não existe sem dor.

Quem é o inventor que propiciou

Tal conjunção?

Para chegar em um único denominador,

Ao qual todos proclamam como amor.

Estou bêbado

Provei do seu amor e fiquei embriagado

Estou bêbado  

Já faz dias que não estou sóbrio

Estou bêbado

Alucinado perdido entre as ruas da paixão

Estou bêbado 

Em todas as casas vejo seu endereço

Estou bêbado

Perdi a prudência o equilíbrio e a sensatez

Estou bêbado 

Meus caminhos levam-me só a você

Estou bêbado

Choro incansavelmente, dias afins

De vontade, de te querer

Estou bêbado

Como também me vem o sorriso rememorando nossos momentos

Estou bêbado

Estou bêbado de amor de saudade

De vontade, de te querer

Jorge Santoli

@abracoepoesia

Eufemia

Amado! Amado coração que bate nesse peito

Desse jeito vais maltratar o anjo da guarda

Que tanto te zela e te preza. 

Meu anjo, não adormeça e não se esqueça

Esse coração se engana as vezes

Fica triste na alegria e alegre na tristeza 

A ti faço com muita fé essa prece

Blinda esse coração que padece.

Jorge Santoli

@abracoepoesia

Outrora

Outrora, deveras, veio a mim sua graça

Tomando-me pelas mãos me levou para o jardim

Vi meu espírito ficar estarrecido

Outrora repousou-se sobre a casa

Lar cheio de enredos em dia nublado

Sem palavras foi embora

Pensativo e fugindo dos medos meus

Olhei para fora de mim e te vi olhando

Desde sempre ali

-O que quer de mim? Minha consciência quis indagar

Minha alma interrompeu, pois já sabia.

O silêncio era ensurdecedor

Outrora tocou-me nos cabelos como uma mãe toca o filho

O corpo me veio a curvar completamente por inteiro

Sentir o cheiro da terra

O passarinho que se alimenta sozinho

Não estar tão sozinho

Não estar sem ninho.

Não, não estar!

Jorge Santoli

@abracoepoesia

Heterônimos Pessoa

Me encanto em conhecer sua história

 De Lisboa para o mundo

Ou do mundo para Lisboa?

O mundo em que tu construíste em escrita.

Legado de Fernando Antônio Nogueira Pessoa

 Ou pode se chamar de Alberto Calheiro

Órfã que vivia com a tia

Ou quem sabe um monarca de codinome Ricardo Reis

 Com outros modos, credos e dinastia

Não se detém apenas no passado

Um futurista há entre tantos

Engenheiro naval poeta,

Surgiu assim Álvaro de Campos

Sim todos são a mesma pessoa.

O mundo conheceu seus heterônimos.

 Tantos para descrever apenas um,

Fernando Antônio Nogueira Pessoa

Jorge Santoli

@abracoepoesia

I Filha

Na tarde daquele dia

Um passarinho veio a mim

Me trazendo boas novas

Como uma flor delicada de jasmim

Avistei sua pele banhada

Do mais nobre líquido da vida

O meu riso foi ouvir o seu chorinho

Ainda estritamente conectada

Ao seu lar até aqui.

Sensação maior não há

Tenho de conversar

Só quem é pai sabe contar

É uma mistura de amor e alegria

De ternura e euforia

Vê você, filha, naquele dia

Fez seu pai se emocionar

Uma vida concebe a vida

E outra vida quer lhe amar

Filha por toda vida

Meu amor vou lhe mostrar

Tu és minha querida

Razão por qual vou batalhar

Não há nenhum amor que por ti posso trocar.

Jorge Santoli 03/01/23

@abracoepoesia

Lua Cheia

Por que a lua é tão bela assim?

Seu brilho não é seu

Em dias nublados se esconde

De tempos em tempos a terra ofusca sua forma

Obscurece sua superfície

Sua rota é inconstante,

 Hoje está minguante

Pode se assim dizer decrescente

 Tem fases menos presente.

Nova! Assim se renova

 E se torna ao meio-dia,

Uma lua crescente.

Mas ela não deixa jamais, de ser a lua.

Quando podemos ver sua circunferência

 No centro do holofote do astro-rei,

Ela fica toda exuberante.

 Traz um pouco do dia,

Para a noite mais escura

É musa é poema é arte é melodia

Deixa clarividente o destino dos enamorados

Oh lua! Doce lua!

Será doce para sempre e sempre me encanta oh! Lua

Seu brilho na relva encandeia

Minha retina torna-se sua

Entre o planeta e o sol és tu,

 Lua cheia.

Cheia de charme, de brilho e cor

 Cheia e querida, exibida é amor

Cobiçável entre as nações

Desperta imaginações

Em teu peito há quem diga

 Que existe um guerreiro

Montado em seu cavalo,

Cravando sua lança,

No peitoral de um dragão.

 De lendas a mitos

Só me encanta tua visão

Lua, quão bela, quão bela oh! Lua

Jorge Santoli 

@abracoepoesia