Saudade matreira
Saudade matreira chegou pra ficar
Tirando a vontade da vida seguir.
Pretende que eu fique somente a pensar
Dos tempos felizes, do verso de amor
Tecido inspirado, ali, sob o luar.
Luar tão bonito incitando desejos
Co' a lua tão branca no céu a passear
Das juras... Promessas seladas com beijos...
Querer que embalava o viver para amar.
Futuro era coisa impensável na vida.
A maturidade viria depressa
Sabia que um dia o viver a traria.
Momento, era o tempo, pra ser bem vivido
Deixava que os dias passassem sem pressa
Que tudo o vento sem dó levaria.
Agora entendendo a danada saudade
Chegar de mansinho abrasando meu peito
Trazendo lembranças da felicidade
Do tempo criança e de cada feito
Pra que hoje acelere o meu coração
E possa dobrar os joelhos dum jeito
Dum jeito bonito de celebração,
Somente me resta sorrir de emoção!
Márcia A Mancebo
28/12/202
SAUDADE
Saudade que veio, sempre com a idade
e que nos remete prá vida passada...
Essa que nos entra, profunda saudade,
que a nossa alma inteira sempre nos invade,
que connosco passa a ficar colada...
Lua testemunha de beijos, de abraços,
que ela envergonhada via-nos a dá-los
em corpos colados, sem distâncias, espaços,
em noites tão quentes, de tantos embalos...
Futuro se via no longe, à distância
qual sonho por vezes algo inalcansável,
mas sonhando sempre em tê-lo connosco.
No ar divisava-se apenas fragrância
de algo que era ainda não muito palpável
por detrás de um vidro que surgia fosco
Agora em conversa com essa saudade
com netos à beira, trigémios, tão lindos,
entendo o passado todo na verdade
sentindo que foram os tempos bem-vindos!
Hoje meu coração segue por veredas
ou por estradas largas com satisfação!
São as horas doces apesar de ledas
que acalentam tanto este coração.
Joaquim Sustelo
