Posts de Maria Helena Silva Campos Cruz (7)

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Um coração aflito

Chora que o canto é triste

Por que toca ao coração o teu cantar,

A ilusão da lágrima que insiste

Só de ouvir o seu passar,

 

Seus passos leves rodopiam

Em sua sensível imaginação

Em momentos que os  pássaros piam

Sobe-lhe à boca o coração

 

É que à tarde  à  Ave Maria

Última hora de seu labutar,

Vem  à porta em correria

 

Pela alegria de lhe ver passar,

Quando lhe diz boa noite,  a tremer

E,ao encontro de seu olhar, desfalecer

Maria Helena da Silva Campos Cruz

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Segundo Aniversário

Casa de sonhos

Jardim sem pecado,

Sem maçã.

Sem serpente.

Cada dia a pintamos

Da cor de nosso tempo,

Verde, tempo bom

Esperança em alta!

Rosa, tempo romântico,

Amoroso, sonhador!

Amarela, tempo de reação,

Protesto, energia à flor da pele!

Azul, tempo de interiorização,

Nostálgico, mole, fragilizado!

Branca, tempo de Paz.

Calmaria, satisfação, prazer infinito!

E como casa de Poetas e da Poesia,

Sinto no ar certo som,

Um perfume leve,

Um chamamento irresistível,

Chegando as flores dos jardins

Tapetam, de nossos pés,

Retiramos as sandálias,

À Porta nos esperam:

Todos os gestores cantando:

Parabéns a você!

Feliz Aniversário de dois anos!

Tanto trabalho, quanta poesia!

Maria Helena da Silva Campos Cruz

 

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Senhor do Tempo

 

Ah, eu do tempo  me assenhoro!  

Das lerdezas quando quero agora,

Das corridas quando eu  namoro.

 

Dos relógios os ponteiros se enlaçam

Comemoram o amor e se abraçam

 

 

Lá do alto comandarei a hora

Dessa vida, serão corridas à espera do amor,

Lentas nos sonhos, devaneios e  ardor!

Maria Helena da Silva Campos Cruz

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Um brinde à Vida! 70 anos em Paris!

A viagem

Como combinara já há tantos meses, seria de tapete mágico, bem que minha filha sugerira que eu fosse num jatinho particular, onde eu teria toda a mordomia e a mesma independência, já que queria viajar sozinha. Não quis perder o gosto pela aventura!

Preparei tudo. Logo após o almoço, deitaria no sofá da sala de televisão como de costume, pedi que ninguém me incomodasse, encostei a porta, com a televisão ligada, baixinho.

Subi ao terraço, lá estava o tapete, lindo, persa, era fofo como um edredom com 20 cm de altura e havia o travesseiro acoplado, como eu exigira. Deitei de lado, imediatamente me vi vestida com roupas, calçados e luvas próprias para tal situação, até capacete e óculos, o tapete enrolou-se à minha volta e estava eu, num tubo que só se moveria quando eu dormisse.

Nada percebi, sonhei que estava num jardim, onde as flores se dividiam por cores, assim: um jardim branco, outro amarelo, azul, laranja, vermelho, roxo, matizado, os aromas, as borboletas, as abelhas e os beija- flores se intercalavam em torno de polens e mel. Estava entre embevecida e tonta.

O tapete abriu e estávamos contornando a torre Eiffel, depois passamos em tubo por dentro do arco do Triunfo, nos ouvidos os cantos das aulas de Francês de Itárica Ceotto e Nair: Frère Jacques, Au Clair de La Lune, La Marseillaise.  Além dessas lembrei-me de Sous Le Ciel de Paris, em rodopios da valsa de Edith Piaff, Gilbert Bécaud: Et maintenant, l'important c'est la rose e mais.

O tapete me levou a uma voltinha por sobre os jardins do Palácio de Versalhes e me conduziu, magicamente à Galeria dos Espelhos, os jardins adentraram pelos meus olhos atingindo o mais íntimo do meu ser, arrebatada, ainda, adentrei a galeria, sem saber para onde dirigir meu olhar de encantamento, mas, feliz demais por realizar meu sonho de brindar meus 70 anos em Paris.

Como foi brindar? O tapete me levou a um Parque, se estendeu sobre a grama me ofereceu um Bordeaux, uma baguete, brioche e manteiga, num piquenique inesquecível, com uma das pontas o tapete ergueu seu cálice e Tim-Tim espalhou o vinho na grama para dar sorte. Já era hora de voltar, deitei-me de ladinho como prefiro, se enrolou em mim, adormeci  e voltei ao terraço, a viagem durou cerca de5 horas.

Fiquei horas e horas, remoendo os acontecimentos, banhei-me e fui deitar, encontrei meu amor dormindo, mas o meu lado da cama estava coberto de pétalas de rosas vermelhas e bombons serenata de amor, mergulhei numa realidade perfumada e doce.

Valeu à pena viver até aqui!

 

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A ingênua

 

Adora borboletas.

Flores e jardins.

Pássaros e gatos.

Ama os Bebês e criancinhas.

Fins de tarde rosas,

Nuvens brancas no céu,

Admira seus formatos,

Sua leveza, suas transparências.

Encanta-se com músicas e poemas,

Palavras doces, publicações suaves,

Belas mensagens de amor.

Sonha acordada e dormindo.

Acredita nos seres vivos,

Até nos humanos.

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22 de março

Se eu fosse água
seria um ribeirão
raso,de águas escuras
com lodo no fundo,
águas frescas, geladas ,penso,
num lugar cheio de sombra,
sob buganviles de várias cores,
aonde em dia de calor intenso,
quantos fossem ali se mergulhar.
Os namorados amorosamente
ficariam de molho a refrescar.
Nos outros dias silenciosamente
um criadouro de peixes e girino,
até de cobra d'água...
num encantamento divino

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O gondoleiro

O gondoleiro  de fraque e cartola se protege  com um guarda chuva,enquanto a lua imensa anula o clarão do farol, o mar entre agitado e calmo forma ondas por todo o oceano, parece que a maré está subindo. A lua se desfaz em milhões de estrelinhas por todo o azul do céu, me pergunto para que a lanterna  acesa na gôndola , há mais alguém ali, quem será : o amor do gondoleiro? Uma cliente misteriosa? Um cão de estimação? Um idoso acamado? Uma sereia?Uma princesa?Ele está de luvas, não é um gondoleiro qualquer, será um mágico que vai desaparecer com a lua, mas quem irá ver, sem público?

Essa gôndola tem a forma de lua nova,incrustada de estrelas, está misteriosa essa situação, não há remos, nem proa, nem ancora, nem nada, tenho medo, medo dos meus medos, curiosa e temerosa, me ponho a vagar nessa cena instigante.

O mágico quer desaparecer: a lua? O farol? O mar?o guarda chuva? Acho que é a lanterna, pois não necessita dela, já o guarda chuva é essencial no caso de uma chuva de estrelas...

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CPP