AO PÓ
Quanto me fizeste ouvir meus sonhos
E crer nas tuas palavras.
Quanto me fizeste acreditar nas lágrimas e versos,
E deixaste-me a conversar com as estrelas.
Meus olhos percorreram milênios
Até a mágica visão do teu corpo.
E tua face, mesmo em disfarce,
Sempre escondia um belo sorriso.
Em cada palavra escrita
Um segredo desvendado.
O lado oculto da Lua
Refletindo em teu rosto
Era o desenho de um céu
Repleto de brancas nuvens.
Mostraste tantos caminhos,
E em tantos caminhos me perdi...
Tu fazias das horas
A mais extensa
Expressão de amor.
Em cada sílaba,
A pausa cadenciada da alegria.
Eras o dia de comemorar a felicidade,
A realidade dos momentos mais puros,
Os pensamentos mais sinceros
E os sentimentos mais verdadeiros.
Mostrei-me por inteiro,
Abri meu peito
E entreguei a ti
Um coração que não era de ninguém.
Por ti, apaguei um passado escuro
E abri as portas para a intensa luz de seus olhos.
Tu sabias que era assim,
Nada esteve tão longe do fim
Quanto ao amor que prometias.
Ainda hoje acredito em minha voz
Quando soletro, sem perceber,
Em voz alta, o teu nome.
Deixaste um despertar esquecido
Na última página de um livro.
Talvez sejam estes teus verdadeiros versos,
Imersos na irrealidade de um mundo
Em que não se enxerga o fundo do precipício.
Entregaste tua vida ao mais fácil destino
Deixando o meu caminhar mais lento
Passo a passo, em direção contrária ao vento,
Resistindo às perdas e me entregando
A seguir amando, mesmo só,
Pois que na terra, (já foi dito),
Um dia tudo será pó.
Mário – 15-11-2016