9 semanas de ficção

    Volume 2                                                                                                                         

                                 PARTE VI      

                              Absolutamente.

          Era uma vez dois adolescentes que estudaram no mesmo colégio desde quando iniciaram o segundo ano do ensino fundamental. Por coincidência, nasceram no mesmo ano. Nael era do signo de escorpião e Mayara, peixes. De acordo com as previsões dos astros, os dois signos têm chance para um relacionamento perfeito.

         Foram amigos até quando terminaram o primeiro grau, pois quando iniciaram o curso médio, começaram a namorar. Nael sempre muito cuidadoso com Mayara, pois, quando   estudavam   no   ensino   secundário,   tinham   que atravessar uma imensa pedreira para poder chegar ao colégio. Mayara só estudava porque tinha o apoio de Nael, pois era ele quem a ajudava a caminhar sobre as pedras com segurança. Ela tinha muito medo - acreditava que uma pedra imensa poderia rolar com ela. Na verdade, Mayara tinha um pavor desnecessário, pois ela era leve e as pedras pesadas demais, mas ela só se sentia segura porque Nael segurava a sua mão, passando mais segurança. Assim, repetiram isso durante todos os períodos letivos do primeiro grau. Talvez por ele ter passado bastante confiança a ela, tenha contribuído para iniciarem o namoro ou mesmo porque isso estava escrito no livro do destino, pois eles, além de enfrentarem a pedreira, tinham que seguir por atalhos para poder chegar mais cedo à escola.

          Mesmo o mundo dando tantas voltas, não foi o suficiente para separá-los. Enfrentaram desafios do sentimento, superaram os obstáculos difíceis para manter firme o namoro que, no início, parecia uma brincadeira de infância, mas com o tempo ficou claro que eles estavam grudados para sempre, um casal disposto a viver um amor eterno.

          Mayara  nunca  esqueceu  que  tantas  vezes  pediu ao    amigo de infância para ajudá-la a cortar madeira para a av  acender o fogão a lenha. Ele também guardou na memória todas as derrapagens nas curvas do caminho da escola e tantos “micos” que pagaram juntos por andarem apressados e por falta de experiência de rachar lenha.

          Quanto às brigas por ciúmes, ficou combinado que eles não iam relembrar, pois cada momento de insegurança de cada um era um registro de ocorrência de acusações infundadas, pois ela não podia apreciar nada bonito ou mesmo interessante, que ele provocava uma discussão banal, pois nunca existia um motivo justo. Ela também não tinha o direito de se lamentar das cenas ridículas dos ciúmes dele, porque ela era mais ciumenta ainda. Ficava atenta para qualquer olhar dele, mesmo que fosse apenas para apreciar uma mulher elegante ou até mesmo por causa de um simples cumprimento cordial. O ciúme dela independia de qualquer gênero. Era uma obstinação desenfreada sem justificativa lógica.  Por causa do ciúme deles, chegaram a travar algumas brigas; ofensivas apenas, sem agressão corporal. Digamos que foram ventos carregados demais ou temporal agitado para registrar um simples “disse me disse” não fundamentado, apenas um desentendimento de namorados com pouca experiência de vida amorosa, mas visivelmente   capazes   de   resistirem   aos   impactos    dos fenômenos dos sentimentos que controlam o amor, porque estavam dispostos a ir até o fim, ir muito mais além das previsões dos mais experientes. 

               Até os mais sábios ousaram classificar o amor deles, mas para tanto tiveram que usar a sabedoria e, depois de tantas pesquisas, conseguiram uma definição: escolheram o amor absoluto como o mais ideal para o sentimento deles. Acredita-se que os sábios chegaram a essa conclusão porque acharam especial a intimidade do casal, pois estavam sempre se beijando, e não se preocupavam com plateia, nem tampouco estavam preocupados em saber se o ambiente era adequado ou não. Talvez isso, a liberdade de intimidade, tenha funcionado como um mestre que ensinou a eles tudo referente à felicidade, pois quando não puderam usufruir do amor porque não estavam juntos, faziam amor através do pensamento, apenas como um exercício mental alternativo. E ninguém que ousasse impedi-los, pois agiam como um cumprimento de acordo formal ou mesmo um pacto de alta tensão capaz de levá-los sempre assim durante a vida deles.

          Todo dia era assim como um arco-íris que, mesmo não aparecendo, sabemos que está no mesmo lugar de sempre,   mantendo    as    mesmas    ordens    das   cores    e                        obedecendo ao mesmo ângulo, como se fosse a decoração da  entrada  de  um  local  ideal  para quem pretende praticar  uma relação prazerosa. Como se fosse uma placa anunciando: sejam bem-vindos. Assim, estariam num local aconchegante, e até seria possível nunca serem localizados por viventes do planeta Terra. E ele seria semelhante a ela, e ela igualzinha a ele, dois invocados, fortes concorrentes para o prêmio de melhores apaixonados do encantado mundo maravilhoso do amor...

               Roger Dageerre.   

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Roger Dageerre

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Comentários

  • As diferenças precisam ser trabalhadas num relacionamento. O ciúme pode estragar tudo e, por mais que as brigas aconteçam, o respeito tem de se manter intacto.

    Belo texto, Roger.

    Parabéns!

  • Roger lindo texto que prende atenção dos seus leitores parabéns...

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