Meia-noite.
A cidade dorme.
No céu, vagas estrelas luzem.
A lua cheia caminha devagar.
***
Um corvo gigante singrou os ares
sobre a rua escura
calçada de pedras disformes.
***
O ar era úmido
e as igrejas estavam fechadas.
O corvo gigante pousou no cimo do prédio
e abriu suas asas negras.
E o céu se fechou.
***
A lua, que antes sorria,
derramou lágrimas de prata
que furaram o negrume da noite
e salpicaram o chão
com gotas argênteas.
***
O corvo, de asas abertas,
mantinha a escuridão,
sua íntima companheira.
***
As lágrimas da lua
não o comoveram:
“A noite é minha,
nenhuma luz será possível.”
***
Voou dali ao chão
e comeu os salpicos da lua
como se fossem grãos.
***
Mas, oh, pobre corvo!
Tornou-se iluminado e reluzente
como a própria lua.
***
A rua se iluminou,
e o corvo, frustrado,
chorou.
***
DADO CARVALHO – 25.08.2011 – 20:50h.
Comentários
Maravilhoso texto,Dado!
Parabéns!!!
Um abraço carinhoso
Linda história, muita criatividade, inspiração e belas figuras de linguagem...Belas metáforas.
Parabéns prezado Dado Carvalho por Bela Publicação
Abraços de Antonio Domingos
Muito obrigado, Antonio Domingos. Suas palavras são um grande incentivo. Abraços.
Muito obrigado, Angélica!