A ARCA DOS MEUS SEGREDOS
Levei à praça pública
minha velha e enorme arca
onde guardo meus segredos.
Madeira maciça, rebites dourados,
cadeado aberto.
Deixei-a lá e voltei para casa,
para minha rede, meu livro,
meu gato branco e macio.
Chegaram os primeiros curiosos.
O mais corajoso abriu a arca.
(Pandora retorceu-se de inveja).
Faces ruborizaram-se.
Mãos levadas à boca (caras de espanto).
Sinais da cruz, Deus me livre,
cruz credo, Ave Maria e afins.
Beata robusta persignou-se;
tampou os olhos da filha mocinha.
A solteirona desmaiou.
Palavras de esconjuro,
vade retro entre outras.
Gritos, impropérios.
Espargiram água benta.
A arca chiou e fumaceou.
Cheiro de enxofre no ar;
cheiro de pecado.
Pai de santo trouxe fumo,
cachaça, tambor e ponto cantado.
Padre fechou a porta da igreja.
Prostitutas dispensaram fregueses;
fechou-se a casa nesse dia.
As crianças continuaram
com seus brinquedos,
sua vidinha imaginária,
seus sonhos coloridos,
alheias a arcas,
alheias a segredos.
E eu, cá na minha rede,
vou pra lá, venho pra cá.
Meu gato branco e macio
adormeceu no meu peito.
Na praça, todo o zumbido
da hipocrisia alheia.
Dado Carvalho
Sorocaba, 02 de dezembro de 2012



Comentários
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Desculpem pela demora, mas estou muito grato pelas felicitações quando do meu aniversário. Obrigado de coração.
Seja bem vindo poeta 💐
Paz e luz
Seja mui benvindo à esta Nossa Casa dos Poetas e da Poesia!!!
Bem vindo Dado!
Muito obrigado!
Seja bem vindo à Casa dos Poetas e da Poesia, Ivaldo.
Desejamos que aqui te sintas bem e que faças lindas amizades e tenhas lindas inspirações, porque aqui, neste espaço, o amor e a amizade se encontram em poesia.
Seja bem vindo!
Muito obrigado!