DESINVENTANDO

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Exercitei palavras tolas
para fazer poesia de nadas.
Gosto de inventar ventos que não sopram,
águas que não molham e mares doces.
Fui feito para descompleto,
com alma anarquista, fora do eixo,
e com o direito de me teimosear.
Bater o pé, empacar feito mula
até a mula rir e gargalhar.
E ela gargalha mesmo
porque, sem querer,
desinventei o zurro dela.
Vou por aí trocando tudo,
mudando o rumo das carroças
e pondo chifre em cabeça de cavalo.
A menina disse que a cobra
é um rabo que anda.
E ela está certa.
Mas tem uma coisa que ela não sabe.
Que a cobra não tem o rabo preso.
Quando virei o moinho ao contrário,
ele desmoeu o milho,
as galinhas invadiram o lugar
e fizeram alvoroço.
Nhá Maria ficou ali, feito tonta,
com a lata na mão, esperando o fubá.
O fio da minha vida
ainda está bem esticado.
Ainda está acendendo lâmpada
e tocando rádio.
Esse eu não desivento.
Adoro moda de viola e luz acesa.
E é com isso que eu escrevo de noite.

 

DADO CARVALHO – 22.11.2011 – 01:00h

 

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