A oitava nota

Eu ouvia o som que vinha por detrás da montanha
Era como neve derretida que se engrandece
Até alcançar os gatilhos de minha mão
Até aproximar-me de minha própria prece

O eco dos instrumentos incorporava-se
Como uma ritmada sinfonia que surgia
Em delicada e translúcida imagem e eu
Reflexo azul vestido de nudez despido de carne

Caminhei sozinho cercado de luz
Poderia e assim o fiz tocar o som
Flocos da criação valsando sobre meus dedos
A partitura à compreensão de minhas mãos

Havia um tom diferente ainda que encantador
Suave e crescente ao fundo da queda d’agua
Sim era o som de sete milhares de atabaques
Corações que mantinham vivas as vibrações

E cada uma delas com o poder de impressionar minha pele
Como ondas de choque desencadeando arrepios
Corriam sem pressa em direção à terra percorrendo-me
Descarregando algo que não poderia definir ainda que quisesse

Fui poupado e nem sei porque
Mas essa era minha impressão
Percebi isso através dos olhos amarelos e reservados
Pude ver pude sentir e agradeci inclinando-me

Atrás daquela montanha na origem de gnósticos versos
Encontra-se a Verdade sei disso
Pude ver também através de seus olhos
Aqueles amarelados e reservados mas agora firmes

Ali onde a celebração de sete notas
Recarrega o mundo de emoção
De calor de esperança até que possamos
Reconhecer por nós mesmos a que ainda falta

A oitava nota aquela que apenas o coração
Será capaz de ouvir e apenas ele reconhecer o código
Aquela que existe em cada pedacinho de vida espalhada
A verdadeira e infinita Canção

Fiquem com Deus
Carlos Correa

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Comentários

  • Nossaaa! Que belezaa!

    Maravilhoso momento de composição!

    Parabéns, Carlos!

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