A SOMBRA

Eu vi uma sombra pulando o muro
E ela parecia estar em apuros
Não sei se por briga ou por abandono
Ou apenas estava perdida do dono

Que sombra era essa e de quem seria
De fato eu pensei que podia ser minha
Será que alguém dela se desgrudou
E de cima do muro então se atirou

Isso mais parece briga de casal
O sujeito dorme de dia e o final
A sombra que vive de noite a chorar
Não deixa o malandro se aconchegar

E ele sem ter agora com quem ficar
Se vê no direito de querer deitar
No colo da sombra que enfim resolveu
Descolar do corpo a quem pertenceu

Certo é que o boêmio assim que o sol chegar
Na sombra de outra irá se encostar
Enquanto sua sombra fugindo do escuro
Seguirá pulando de muro em muro

Até que encontre alguém com quem ficar
Ou passe a ser sombra de coisa ou lugar
Talvez se dissolva e vire assombração
Fantasma talvez da minha imaginação

Eu vi uma sombra pulando o muro
Eu não to mentindo, acredite... Eu juro!

 

(Petronio)

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