Baile de Máscaras

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Baile de máscaras

A multidão disforme se aglomera diante do salão Grand Star. Espreitam à espera de seus ídolos que fomentarão tão grande baile de máscaras.

Limusines descomunais despejam a nata da sociedade em tapetes vermelhos que levam ao centro da abóbada luminescente. Um a um adentram como servos adestrados hipnotizados pela luxúria e devassidão.

Trajes exuberantes e extravagantes denotam quão diferentes são os que desfilam daqueles que se acotovelam, lambendo migalhas de uma atenção mórbida.

Flashes surgem como clarões momentâneos que cegam em busca da melhor capa ou furo monumental que lhes tragam também para dentro daquele glamour.

Uma orquestra inicia a melodia magistralmente entoada sinalizando que o tempo urge e que logo o esdrúxulo evento terá início em poucos minutos débeis.

A abóboda, tão ricamente adornada com imagens de anjos e demônios que voejam por espaços incólumes preenchidos pela imensidão das luzes que brilham por demasiado, constrói figuras abobalhadas em suas paredes e contrasta com o brilho das famigeradas joias que ornam a palidez das fêmeas que se aglutinam numa disputa fútil e ao mesmo tempo incauta.

Os personagens surgem, um a um, com suas vestes rotas e transfiguradas em medíocres seres que se escondem por trás de máscaras burlescas. Fantasias oriundas de mentes insanas que aproveitam o anonimato e jazem camufladas em seu próprio ego.

O retumbar de tambores ecoa no ar e faz estremecer as janelas de vitrais onde imagens de deuses confabulam com os acordes alternados de sons e silêncios num convite ao bailado dos pares.

Se apagam as luzes e a fumaça de um nevoeiro se densifica avolumando a penumbra onde somente os vultos são delineados. Criaturas híbridas, espíritos naturais, bestas assustadoras e seres infinitamente sedutores brotam do chão e se circunvalam aos demais convidados que em suas fantasias se rendem aos desvarios.

Baco, com seus serviçais, oferecia cálices de puro vinho e licores de amaranto oriundos da Grécia especialmente para a bacante mitológica onde os sentidos se afogueiam e beiram aos delírios de insanidade. Sátiros carregam bandejas onde o cardápio peculiar satisfazia ao paladar dos ricos em suas mais variadas essências onde a comida leve, saborosa, aromática, sensual e vitalizada era expressada em pratos exóticos.

As deidades se misturam ao rebanho de criaturas mortais que expressam seus mais íntimos prazeres que não passam desapercebidos aos olhos velhacos da mídia que assim entremeiam seus portifólios para o deleite da massa chucra que esquadrinham os recantos mais ermos.

O bacanal entrou pela noite indo se encontrar com o amanhecer onde figuras moribundas rastejam entre restos de alimentos e dejetos dos mais desafortunados. O sol chega sorrateiro fazendo cair as máscaras dos desmedidos seres humanos que se desmerecem em troca de ignóbeis prazeres.

 

M.A.Oliver

Imagem: Imagem de Kimberly Penna-Wampole por Pixabay

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Angélica

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