Calabouço da Fé

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Calabouço da Fé 

 

Calabouço das articulações

Artimanhas das junções

Segue-se pelo labirinto

Dos caramanchões de uvas

De lá virá o vinho tinto

Que com o pão será 

O sangue de Jesus

O corpo de Jesus

 

Arcabouço das contas

Do salário pobre do mês

Ou já havia esquecido

Que um salário já existiu

Em nossas pálidas vidas

Vivemos dos hinos

E do coro desta igreja

Esmolas da fé fedida

Da exploração mental

Do assalto psicológico

Parece e é tudo ilógico

 

Um dízimo periódico

Migalhas de bolsos vazios

Obras faraônicas a mercê

Da riqueza dos suntuosos altares

Da pobreza da ralé 

Que compra bijuterias

Por centavos de moeda 

 

Quanto vale uma vil oração

Um sinal ao céu de um falso sim

Quanto custa a pressão alta do meu coração

A vermelhidão de minha crônica fome

Minha pele pálida cara pálida 

De caráter e bem aventurança

 

O que me permitiria uma andança

Por um salão de festa do Rei

Onde Deus não é convidado

A desgraça destrói a fé

Tudo aqui está apelidado

Cheira a falso odor incolor 

 

Mas Deus resiste ainda com força

É um sonho é uma esperança

 

De um calabouço de articulações

 

Quantas

religiões valem um só Deus.

 

Fim

ADomingos

Maio 23 

 

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Comentários

  • Maravilhoso!

    Grandes verdades.

    Abraço amigo caríssimo poeta António Domingos.

    Excelente Poema!

     

  • Gestores

    Excelente reflexão, A. Domingos. DESTACADO.

  • Maravilhoso!!

    Amei seus versos tão assertivos!

    Meus aplausos,poeta amigo!

  • Amigo Antônio Domingos.

    Um expressivo "poema verdades" que infelizmente alguns se desviam do bem saber para a ignorância do sempre querer.

    Pregam contra alguns em benefício próprio.

    "quando fores embora daqui nada levarás, pois és pó e ao pó retornarás, não significa nada"?

    Concordo com tudo o que acabas de nos brindar.

    Merecedor de um elogio maior.

    Parabéns,amigo

    Abraços

    JC Bridon

    • Gratidão por valioso comentário....Se aproveitam dos humildes para usurpa-los na sua fé.

      Grato amigo Bridon.

      Antonio Domingos 

  • Poema primoroso, poeta amigo.

    Minhas sinceras reverências.

    O homem vive em calabouços invisíveis e colossais.

    Abraços, paz e Luz!!!

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