Canavial
Faz anos que ando por estas paragens
Por acidente do destino sempre no corte
Das canas plantadas nos canaviais
Esses cortadores com rústicos lenços
Por sobre a cabeça o sol forte queima
De pessoa morena passa a queimada
Os canaviais são lindos espinhosos
Arranham o corpo se descoberto
O corte é duro dias no facão amolado
O trabalho assemelha-se a escravidão
A máquina moderna aqui não chegou
O corte é manual no facão de muita gente
São quilômetros de contínua plantação
Parece que o mundo não acaba nunca
Eu sou um pé de cana que gera cinco cortes
Antes de finalmente meu ciclo acabar
E num dia nova muda ter de ser plantada
Antes da colheita é preciso uma queimada
Para o corte da cana tudo facilitar
As folhagens derretidas nas chamas
Sobra o pé de cana torto a ser tosado
Haja milhões de álcool a seduzir
Haja milhares de kg de açúcar a adoçar
Haja a vida indistinta a turra assodar
Parece que a vida se repete neste lugar
Se faz a barba todos os dias de sábado
Tem casa de mulher e são as mesmas
Tem pinga a cachaça e é a mesma
O chulé tem sempre o mesmo perfume
O tempo por aqui parou nada expirou
A alfazema última novidade desta cidadezinha.
Fim
ADomingos
Fev 23
Comentários
Que delicia de versos,poeta querido!
Meus aplausos!!
Obrigado amiga de ❤️
Abraços de Antonio Domingos
Obrigado amiga pelo destaque Uma honra
Antonio
Verdade... Se chegar uma colhetadeira o pessoal perde o emprego
Abraços