CONCRETAS

CERTEZAS

 

Durmo estirado no chão

Fora desse colchão sem graça

Prefiro a pedra fria que me acolhe

Do que a macia espuma que finge que forra meus ossos

Que até aquece mas não me envolve e nem abraça

 

Descanso num banco de granito

Exposto ao relento na praça

Colado à calçada onde apressado você passa e nem nota

E se apercebe finge que não vê e se olha ainda faz troça

Ou desvia por temor a minha provável ameaça

 

Balanço na rede dependurada entre o piso o teto e a parede

Por ganchos de anzóis presos ao nada

Parafusados em buchas espremidas em concretas certezas

De que entre o pó do cimento a agua e a areia calcada

Existe apenas a vontade e o cuidado

Em não me soltarem no vazio da palavra

 

Assim vou ensaiando meu jeito tardio de entender

Que tudo o que faço além e batalho acima da contínua lavra

Permanecerá à flor da terra mesmo que virtualizado

Enquanto esse corpo que já mal ouve e quase nem fala

Cessará sob a lápide somado a qualquer punhado de terra

Mas não diferente do que o amanhã também te espera

 

PSRosseto - www.psrosseto.com.br -

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Paulo Sérgio Rosseto

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Comentários

  • Mais uma belíssima obra poética!!

    Parabéns Rosseto!!!

    DESTACADO!! 

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