De Improviso

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De Improviso

 

Andei vagando por entre flores

Flores lindas do cerrado

Flores sem nome 

Não catalogadas por um homem 

Fui desbravando caminhos

Com o perfume destas flores

Burilando meus torrados braços

As folhagens me cediam abraços

Eu sonhava com o céu de amores

Eu me permitia ver os ninhos

Dos pássaros vermelhos de vergonha

De tanta pródiga natureza dizer

Que ali estava embaixo dos meus pés

 

Namorava o pôr do sol a tardinha

Querendo se esconder de timidez

De tanta beleza em arte alhures

De pés descalços na bendita terra

Amarronzada e abençoado pelo destino

Não era mais um desatino

 

A noite o frio descia sem pena 

Um velho casaco de couro sujo

Surrado e gasto por um tempo inócuo

Fazia as honras de meu corpo enrugado

Mas a força muscular dobrava 

Diante de tantos milagres

Os fios de água límpida

Corria por atalhos bem arrumados

Era a vida organizada muito plena

Água de beber, de lavar as mãos

De calar o calo dos pés

Pés que andam por um destino

 

Fim

ADomingos

Abril 23

 

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Comentários

  • Gestores

    LINDÍSSIMO! Não sei o porque "improviso", curiosidade minha.

  • "

    Água de beber, de lavar as mãos

    De calar o calo dos pés

    Pés que andam por um destino",

    Lindos versos poeta e amigo querido!!

     

  • Amigo Antônio Domingos:

    Um expressivo poema, com versos maravilhosamente bem elaborados.

    Parabéns

    Abraços

    Bridon

     

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