Descrição de Fatos E Indícios
Na humilde percepção fatos não se discutem; entretanto, opiniões sim. Mas aí você me pergunta: O que é fato? Na minha concepção fato é a coisa concretizada, verificada e observada, mas entretanto, convém não confundir fato com indício, visto que, os fatos, devida e acuradamente observados, levam ou podem levar à certeza absoluta, já os indícios nos permitem apenas inferências de certeza relativa, pois, expressam somente probabilidade ou possibilidade. Já, Inferir é concluir, é deduzir pelo raciocínio apoiados apenas em indícios. Dizer, por exemplo, que "Juaquim dos Kafezais" é ladrão, porque de repente começou a ostentar um padrão de vida que seu salário ou suas conhecidas fontes de renda não lhe poderiam jamais proporcionar, é inferir, é deduzir pelo raciocínio a partir de certos indícios. O que assim se declara a respeito desse "Juaquim dos Kafezais" é possível, é mesmo provável, mas não é certo, pois não é provado.
Dando sequência à descrição, fica evidente que o grau de probabilidade das inferências varia com as circunstâncias, há inferências exatamente prováveis e inferências extremamente improváveis. É extremamente provável que no verão chova e faça calor com mais frequência do que no inverno, porém, é improvável que as chuvas de janeiro deste ano sejam maiores do que a do mês de janeiro do próximo ano.
Eu entendo que é o maior ou menor grau de probabilidade que condicionam nosso comportamento diário e o nosso juízo em face das coisas e pessoas. Ora veja você, se o céu está carregado de nuvens densas que obscurecem o sol, é provável que chova, portanto, eu levo o guarda chuva. Se o professor que durante anos, nunca faltou a uma aula, deixou de comparecer hoje, é provável que esteja doente, vou visitá-lo. Se um meu aluno, durante a prova, se comunica com um dos colegas ou parece consultar o caderno de notas sob a carteira, é provável que esteja colando, tomo-lhe a prova e dou-lhe um zero. Não obstante, pode não chover, o professor pode estar viajando, o aluno pode estar apenas pedindo ao colega que o espere após a prova, ou o caderno consultado pode não ter nenhuma relação com a matéria da prova. Nossa reação ou comportamento em face desses indícios foi de apenas inferência daí, os enganos em que verificamos ter incorrido, quando nos defrontamos com os fatos: não choveu (e o guarda chuva se revela o trambolho ridículo que é em dia de sol, se bem que não lastimável) e o aluno não estava colando (a punição foi injusta). Agimos por presunção, porque inferimos baseados apenas em indícios. Posso provar que a água congela a zero grau centígrados, basta servir-me do termômetro. O congelamento é um fato que pode ser verificado, testado, medido. Por isso prova. Pode-se provar que Fulano matou Beltrano: o fato foi testemunhado por pessoas dignas de crédito e o exame de balística provou que a bala, encontrada no corpo da vítima, foi indiscutivelmente disparada pela arma em que o acusado deixara suas impressões digitais. Mas entretanto, não se pode provar que o acusado tinha, realmente, a intenção de matar, pois, os elementos disponíveis, como, por exemplo, saber a quem aproveitaria a eliminação da vítima, constituem apenas indícios, e não fatos ponderáveis e mensuráveis. Aqui peço sua atenção, visto que, indícios podem persuadir, mas não provam. São argumentos persuasivos capazes de levar os jurados a presumir que o acusado é o criminoso, mas o grau de certeza desse julgamento é muito relativo: a sentença será possivelmente, mas não certamente justa.
Pensando, lendo, operando e escrevendo de um jeito diferente!
#JoãoCarreiraPoeta. — 31/01/2020 — 24h
Comentários
Olá Dr. Carreira:
Falar de algo tão sgnificativo nos põe em dúvidas do que alguns desviam para outros fins.
Parabéns
Abraços
JC Bridon
Bom dia Bridon: —
Obrigado,
seus comentário são muito significativos para mim.
#JoãoCarreiraPoeta.
As sentenças nunca são justas.
Bom dia minha 🌸 Agradecido pela visita já estava morrendo de saudade.
#JoãoCarreiraPoeta.