Meu coração tem teto de glace martelado
Paredes de geléia acartonada
Porta e janela de gelatina caulim
Chão de papel machê encorpado
Escada em espiral e caracol de caramelo
Forro de anilina adocicada de anil
Quando choro tudo se desprende e derrete
Menos o telhado que flutua lerdo
Num rio placebo amarelo que viaja em mim
E se precipita aos pedaços rumo ao cerebelo
E se arrebenta no precipício da alma deserta
Zunindo um grito forte ferindo os tímpanos
Tua ausência me propõe alerta à espreita
Mas quando convenço que você não vem
Alicerce nenhum me sustenta
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