Dor Dolorida

Fiz da dor algo tão atroz
que a transformei em algo distante,
do passado ou futuro,
mas nunca deste instante.
Eu a fiz encolhida, emparedada, feroz.

Eu a fiz doída,
eu a fiz como o grito vindo das ruas,
rompendo barreiras, engolindo o asfalto,
explodindo em becos lamacentos,
nas esquinas suadas, nos teatros,
eclodindo no chão de cimento.

Fiz com os pés molhados pela chuva fina,
no rugir da sussurrante tormenta,
com a boca enfastiada pela forte neblina.
E esta dor, eu transformei,
que ela, em mim, já não se aguenta.

Lepra negra em minha carne tão sofrida,
dor doída que preenche meus espaços,
suja-me com tua dor mais dolorida.
Venha a mim...
Embalar-me-ei nos teus braços.

Alexandre Montalvan

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Alexandre

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Comentários

  • Gestores

    Que dor! Que Amor!

    Parabéns por mais um encantador poema.

  • Aplausos Alexandre!

    Sou suafã

    Abraço

  • Uma poesia carregada de belíssimas metáforas em vocabulário forte onde o Poeta passeia nas palavras que falam e em versos transformadores que ditam sentimentos até a declaração de Amor a amada.

    A última estrofe tem fortes sentimentos de sofrimento, quando temos a expressão da lepra negra na carne tão sofrida.

    Parabéns Prezado Poeta Alexandre Montalvan.

    Se tiveres um tempo,sei que é escasso faça uma visita a qualquer obra minha postada aqui, será uma honra ter a sua expressiva visita.

    Esteja sempre bem feliz 

    ADomingos 

    • Estimado poeta Antonio Domingos , apesar de não comentar, eu gosto muito
      de poesia e leio não somente as tuas, como tambem a de
      varios poetas, tanto desta conceituada casa, como tambem
      de outras que eu frequento. O problema é que tenho muitas
      dificuldades em comentar, por varios motivos pessoais, es
      pero que entenda. Admiro muito a facilidade que voce e ou
      tros tantos, como meu poeta e amigo prof. João Carreira
      "excelente poeta" tem na arte de comentar.

      Me perdoe

      Abraços poeticos Alexandre Montalvan

    • Prezado Poeta Alexandre.

      Entendido e agradeço seu retorno e apreciação.

      Eu também frequento outras duas redes e não é fácil ter tempo para atender a tudo.

      Quando eu trabalhava às vezes eu ficava até quinze dias sem ler, comentar e publicar.

      Hoje mesmo aposentado tenho outros afazeres....

      Estou perto dos oitenta anos e morando sozinho boa parte do tempo, tenho de administrar o mínimo necessário para sobreviver.

      Nesta semana pretendo visitar as outras casas de poesias e dizer algo.

      Saiba Alexandre que escrevo desde os 14 anos.. Já fui compositor e já participei de muitos festivais estudantis de música e até de clubes maiores do Rio de Janeiro.

      Já escrevi cerca de umas Quatro mil textos.

      Ensaios, crônicas, artigos e poesias em diversos formatos.

      Tem dia que nem sei o que  escolher para publicar. Além do que tenho já pronto ainda escrevo no mínimo um texto por dia.

      Perdi muitas obras por problemas de computador.

      Muito obrigado e fique a vontade.

      Saiba que aqui nós todos nos respeitamos.

      Produza bastante e publique o seu melhor.

      Muito obrigado e feliz final de semana.

      Abraços fraternos 

      ADomingos 

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