Escuridão

 

Tolda-se a luz do dia

Em pequenos passos, alguém ali caminha.

Não é um fantasma na noite escura,

Nem mesmo o guardião da praça.

De reduzido porte, no chão cai,

Uma pequena bulha se ouve.

Muito fraco é o som, pouco perceptível.

Cai uma pequena folha da árvore,

Quase que invisível aos olhos humanos.

Se fosse grande, arruinaria o caminhante,

Que atento desvia o olhar para cima.

Cai, muito mansa, muito devagar.

Às vezes o ar a segura firmemente

Para não espedaçar de uma só vez.

Age como se fosse um simples freio

Ou o arrasto da corrente descendente.

Segura o máximo que puder e,

Desviando para um lado e para o outro lado,

Cai lentamente no chão úmido

Ali preparado para recebê-la,

Tão frágil, tão insignificante,

Que no auge da vida

Grassou o mais lindo verde:

O da esperança e o do descanso.

O caminhante se dá conta

Que um pequeno viver ali desapareceu.

Recorda das fadigas do dia

E simplesmente pensa:

Por quê?

A bela e bonita folha verde,

Muito vista nos dias passados.

Não tem mais vida,

Nem mesmo um pássaro nela abrigou.

Acabou, morreu, foi para o chão.

Não mais existe, assim como a vida não existirá no futuro.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

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José Carlos de Bom Sucesso

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