Expressões sinistras (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras) @josecarloscontador
Às vezes utilizam-se expressões diferentes da realidade. Dona Maria vai ao açougue e lá chegando diz para o açougueiro:
- Sr. Pedro, por acaso o senhor tem coração?
O colaborador vendo-se meio constrangido, olhando para os lados e olhando para algumas pessoas que já se preparavam para a caçoada, assim responde:
- Dona Maria, minha nobre e fiel cliente deste açougue. Como a senhora sabe, o coração é o órgão muito importante do corpo humano. Ele é responsável pela vida, pela circulação sanguínea e é vital para a vida. Caso eu não o tivesse, não estaria aqui para lhe atender. Tem coração de porco, de boi e de galinha.
A manhã corria tranquila na pequena cidade. João, o caminheiro de fim de semana, entra na padaria e assim diz à funcionária:
- Dona Fulana, por obséquio, me vê um café?
A garçonete, muito educada e sempre sorrindo para os clientes, sai rapidinho do balcão. Vai até à bancada onde estão as garrafas com o líquido negro e precioso, destampa o recipiente, abre e olha dentro dele, aprecia o aroma gostoso, através de sorvida e retorna ao posto de trabalho.
João olha para a moça. Meio desconfiado, põe a mão no bolso e de lá agarra o aparelho celular. Com o dedo indicador o desbloqueia e vai averiguando as mensagens. Fica fitado por um bom período e olhando novamente para moça fala:
- Dona Fulana! A senhora não trouxe o café, conforme lhe pedi.
A moça, sorrido, assim o retruca:
- Seu João! O senhor me pediu para ver o café. Eu o fiz. Abri o recipiente e o vi lá dentro. Estava ele aromático, quente e, suponho, delicioso. Se o senhor me pedisse para lhe servir uma xícara dele, já estaria bebendo.
Antônio é pedreiro. Nos finais de semana, gosta de ir à lanchonete e tem o filho, que carinhosamente, é conhecido por “Dim”. Então lá chegando, diz:
- Gentileza me venda dois copos de suco de laranja e os leva “po Dim”. Mais isto e o leva “po Dim”.
Márcio é também açougueiro. Trabalha no supermercado da cidade. Então, o José lá chegando, diz:
- Bom dia Márcio.
Márcio responde, com alegria, dizendo:
- Bom dia, Sr. José!
O pequeno intervalo de tempo vai passando e José pergunta:
- Márcio, você tem focinho de porco?
- Você tem pé de porco?
- Você tem orelha de porco?
- Você tem barriga de porco?
- Você tem língua de porco?
- Você tem rabo de porco?
Muitas pessoas estavam por perto para comprar. Alguns riam baixinho. Outros saiam de perto e riam nos cantos. Márcio, vendo que a situação iria complicar, logo diz:
- Seu José! Chega de brincadeira ofensiva.
Continuava:
- Eu não tenho nada disto. Sou humano. Não tenho focinho, nem orelha, nem barriga, nem língua e nada de porco.
- O mercado tem os ingredientes para serem vendidos, mas eu não tenho nada de porco.
Assim é o dia de cada um. Muitos utilizam expressões desconhecidas, outros levam a sério a gramática, pois o dia se evolui a cada dia.
Comentários
A língua portuguesa tem muito dessas expressões. Valeu a leitura. Abraços