FLORDINARIA

 

Chegou, sorrateira
Bem de mansinho, sem alarde
Uma semente na floreira
Ainda era cedo, não era tarde.


Suave como uma canção
Cândida, é bem verdade
Apenas uma flor em botão
Ainda era cedo, não era tarde.


O esboço de uma flor
Quase uma realidade
Um cântico de louvor
Ainda era cedo, não era tarde.


Desabrocha, exala perfume
Formosa, é toda vaidade
Insinuante, desperta ciúme
Ainda era cedo, não era tarde.


Viçosa, causa furor
Plena, na tenra idade
Por ela, sofrem de amor
Ainda era cedo, não era tarde.


Uma deusa abençoada
Pureza, em toda a intimidade
Finalmente emancipada
Já não era cedo, nem era tarde.


Por muitos cobiçada
Inocente, sem maldade
Muitas vezes desejada
Já não era cedo, nem era tarde.

Sem consentir, foi enganada
Ofertada sem piedade
Acusada, foi julgada
Já não era cedo, nem era tarde.

Pétalas despedaçadas
Vai-se a castidade
Pedras são atiradas
Já não era cedo, nem era tarde.

Folha seca ao vento
Perdeu a dignidade
Ganhou sofrimento
Já não era cedo, era bem tarde.

Dos polens recebidos, nada gerou
Partiu sem deixar saudade
Floresceu, viveu, murchou
Agora é tarde.

 

 

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Comentários

  • Gestores

    Muito bonito Samuel. Parabéns.

  • Sensível poema, Samuel

    Parabéns

    Abraços

    JC Bridon (Bridon)

  • 12213834093?profile=RESIZE_584x

  • Penso que as escolhas feitas caminho a fora são determinantes para o futuro.

    Há um prço a se pagar por elas, nehuma dessas escolhas ficam fiadas, todas são creditadas em nossa conta com juros compostos.

    Eu gosteu da forma do poema, a repetição do últmo verso como um retremete a afirmar a ideia central concluída no último verso.

    Maravilhoso poema!Reverências!

  • Que lindeza de versos! Adorei! Parabéns!

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