Idade é um lobo nas sombras,
Um salto que já não posso mais dar
Uma memória dolorida que não acaba...
Idade uivando para mim das arestas do tempo
Surfando louca nas tempestades da vida
Nas lagrimas que escondi de todos
Nos amores que sufoquei em segredo...
Incontido, impossível e inseguro
Idade me perseguindo no caminho desnudo
Nenhuma sombra me esconde...
Nenhuma ilusão me protege
Os espelhos não contam mentiras
Os espelhos... há os espelhos...
Idade enfraquecendo meus ossos
Enevoando minha visão...
Diminuindo meu ímpeto...
Trazendo cinismo a meu coração cansado
Idade esperando no amanhã
No novo dia que nem sempre é florido
Na antiga aurora que um dia eu julguei inalcançável
Idade rosnando alto lá dos restos da minha juventude
Tudo o que fui, tudo o que sou tudo o que serei...
Idade que chega num suspiro impercebido
Você não é mais o mesmo
Não sente mais o que sentia...
Idade me esperando nas ranhuras dos dias...
Vou seguindo...vou seguindo.
RODRIGO CABRAL
Comentários
Belíssimo texto, Rodrigo.
A idade não tem freios, e segue a passo velozes a cada ano, ou aceita-se ou não se vive bem... saudações poéticas