INDIGENTE
Nascera desprovido de tudo
Filho do acaso e dos descasos
Sem nada que fosse seu, desnudo
Uma vida vivida nos atrasos.
Vida marcada em sua essência
Sem chance de ser criança
Uma vida plena de carência
Herdara apenas esperança.
Pós-graduado na escola da vida
Educado na cartilha da brutalidade
Aprendera o ofício na lida
Só conhecia a sua realidade.
Trabalhava noite e dia
Sem trégua desde criancinha
Um dia barriga vazia
Noutro, o que comer, nada tinha.
Sustentava quatro crias suas
Mais cinco agregados
Todos filhos das ruas
Vivia na corda bamba, quebrado.
Sempre pronto no batente
Pau pra toda obra
Homem honesto e valente
Sem um salário nada sobra.
Seus caminhos mais penosos
Desconhecia o significado atalho
Mesmo jovem já era idoso
Sacrificando-se ao trabalho.
Numa noite voltando da labuta
Uma bala perdida acertou o alvo
Atingiu em cheio a nuca
O pobre nunca está salvo.
Perdera a única coisa que possuía
Nada do nada, pouco do pouco
O corpo estendido, em agonia
Um gemido melancólico, rouco.
Autoridades acusam a milícia
A imprensa fazendo entrevistas
Testemunhas apontam a polícia
A justiça nunca encontra pistas.
Cidadão simples e carente
Virou um número de estatística
Sobreviveu pobre miseravelmente
Desapareceu, é mais um na lista.
A morte de um indigente
Não comove a sociedade
Fosse famoso, seria urgente
Descobrir toda a verdade.
É fato, não há justiça na história
Quando se trata de pobres
São tratados como escórias
As leis são feitas para os nobres.
Resta apenas um lamento
Dos frutos do regime capitalista
Impossível assistir tanto sofrimento
Enquanto uns padecem, outros são meros turistas.
SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)
Comentários
Caro Samuel De Leonardo,
Uma crônica realista feita em Poema!
BRAVO!
CARPE DIEM! Um abraço poético!
Notável inspiração. Li de coração. Abraços
Parabéns poeta Samuel! Nos seus versos mostrou a triste realidade dos indigentes!
Essa é uma história longa, lamentável, de realidade dura, enfim essa é uma memória aos mais vulneráveis.
LINDO,TRISTE E VERDADEIRO, SAMUEL
ABRAÇO