Leito da Agonia

Carmim é o véu que cobre meu olho,
sangue espúrio de caminhos malditos.
É vida, a dor da morte que eu escolho;
a morte é luz da vida dos teus escritos.

A árvore da morte no palco do mundo,
olhos que me olham, um olhar profundo.
Chuva de sangue, eu mergulho nas trevas.
Deus, mostre-me a luz — eu caminho às cegas.

Quero deitar-me na luz deste ninho lascivo,
ver no universo o lar com meu dom sensitivo,
onde serpentes invocam com a voz da loucura
desejos de olhos vermelhos que a luz procura.

Beije meus olhos, que na luz irradias.
Vista-me de prata, sonhos transparentes.
Lava-me o corpo em mar de agonias.
Deixe-me ao sol… para que eu morra lentamente.

Alexandre Montalvan

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Alexandre

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