Meninos eu Vi !
No interior da Floresta
que antes fora imensa
dentro de uma Taba
sentado no duro chão
vultosa personagem
que em tempos passados
era o Dono então
Ao seu lado crianças
seminuas e pintadas
com as caras mal lavadas
lhe davam a atenção...
Assim dizia o Vulto
que todos conheciam
por Perê-Iarã-Açu
com os olhos brilhantes
como quem vislumbrasse
esse mesmo passado
pelo presente mudado:
- Já vivi muitas glórias,
já ouvi muitas estórias
de tempos do passado
em que tudo era nosso
Matas, Rios, Natureza
com sua pura beleza
Não haviam machados
para ceifar as vidas
de árvores inteiras
e nem o fogo escaldante
das queimadas d'agora
em que a Mata chora
Já cacei livremente
para matar nossa fome
mas nunca por prazer
de matar o que não come
Já pesquei em muitos rios
hoje de vida vazios
já casei com uma India
com votos de donzela
que nas Tabas erguidas
ela era a mais bela
Até que chegou um dia
em que Brancos armados
com fuzis e machados
fizeram de todos Nós
seres escravizados
Nos mataram os costumes
e nossas tradições
sem moral para tanto
nos impingindo lições
Nos mostraram suas vidas
plena de quinquilharias
que a bem da verdade
dizem ser a Modernidade
e nos seviciaram contudo
sem dó nem piedade
não importando quem eramos
e menos nossas idades
Nos mostraram suas flores
todas rosas esqualidas
assim como suas faces
todas de "caras pálidas"
E as suas (in)culturas
seguramente impuras
para viver e contar
tivemos que assimilar
E se alguém duvidar
do que digo ora aqui
simplesmente respondo
- Meninos - Eu Vi!!!
...
by: Zeca Feliz Avelar
19-Abril
Comentários
Podem crer que é de Felicidade
se notarem que estou chorando
Pois em que pese a "idosidade"
a doença está me abandonando
Agradeço com AMOR a cada Poeta
que pediram por mim em Oração
Na minha mente a lista é completa
a guardo no âmago de meu coração!
Para pedir "mils" perdões, aproveito,
se pouco tenho com todos interagido
Até a minha poesia ficou num leito
razão maior d'eu ficar assim sumido!!!
gaDs
Estimado poeta, gostei muito do seu poema.
É uma grande verdade que o fim da cultura, e até a vida de muitos povos primitivos, é ocasionado por uma ambição desumana, alheia não só aos interesses dos povos oprimidos, mas aos da humanidade toda. E só ver o que está, por exemplo, acontecendo agora com desequilíbrio ambiental e a perda da biodiversidade, causadas pelo aquecimento do planeta.
Meus parabéns e um abraço.
Nesta Casa de Poetas, a poesia é nosso fim
Seja Benvindo na CPP, Poeta Juan Martín!
gaDs
C
P
P
Sua escrita é prodigiosa caro Zeca. Renovo votos de estima e consideração. Feliz Noite de Páscoa.
Prodigiosa é Você, em tudo tudo o que faz
- Destacada Menina e Poeta Lilian Ferraz!
Que lindeza de versos,Zeca
Te aplaudo ,meu querido Amigo
Abraço
Parece que foi descrito mesmo para ti
o final do "Meninos eu Vi", linda Cici!
Poxa, meu amigo e Poetalentoso "Zeca", teu belo escrito merece mais que uma análise profunda, portanto, vou resumir: este poema, de beleza pungente, tamborila sobre a alma como gotas de memória que gorgolejam em um rio esquecido. Nosso poeta, com maestria lúdica, nos conduz por um fiapo de tempo em que a floresta, viva e imensa, farfalhava sob os pés de seus verdadeiros filhos. Há no texto do PoeTalentoso um enleio melancólico, uma dança de reminiscências que atravessam o lábaro da história, onde o estigma da invasão e da perda ecoa como um grito sufocado. Eu sinto que a voz do indígena, outrora senhor da mata e das águas, surge poderosa e agnóstica, recusando-se a acreditar na imposição de uma modernidade que tudo devora. Os versos, como cognatos de uma dor ancestral, desenham um retrato de resistência e testemunho—um “Eu Vi!” que ressoa como um trovão, despertando em nós a consciência do passado que persiste em cada raiz, em cada vestígio de cultura sufocada. É um poema que nos ensina a escutar a voz da terra e dos povos que nela tamborilaram seus passos, antes que fossem reduzidos ao silêncio imposto por mãos estranhas. Profundo, visceral e necessário. Zeca, das tuas mãos saiu uma bela composição poética, uma rica tapeçaria tecida com carinho, eu diria, um texto proeminente! Simplesmente belo! Um forte abraço! #JoaoCarreiraPoeta.
PoeTalentoso na Carreira que és João
fazes o leitor da C P P prestar atenção!
Zeca
a ganancia do homem na terra acabou com os indios e esta acabando com a gente no tempo presente
um versar reflexivo onde paramos para pensar e pensar e só nos resta pedir ao nosso DEUS socorro
um abraço