Na calçada da fome

Alguma vez você pensou em deixar
As suas mãos  lá na calçada  da fome
Ainda que sem ter que se preocupar
Que lá ninguém iria pedir seu nome

Um ajudando o outro sem  o intuito
De ter os seus quinze minutos de fama
Não tenho nada contra, em absoluto;
Pois cada um faz e desfaz sua cama

No entanto o que me toca mesmo é o espanto
Quando vejo estrelas caídas pelas calçadas
Todas chamuscadas, sem o mesmo encanto;
Das que invadem sempre as nossas moradas

E que só aparecem uma vez a cada ano
Se intitulando porta-vozes da razão
Como se fossem todas elas arcanjos
Sem dar o nome e escondendo as mãos

E a incoerência junta-se à demagogia
Penso que elas querem que a gente se exploda
Cada um que cuide da sua cruz de todo dia
No gira-mundo aos pés de quem se locomova

Ah, o sorriso solidario e inerte
Me faz sorrir diante de tal visão 
Como que, plugado ao peoplemeter
O Bobo da Corte...E viva a Televisão!

E por que será que eles não querem deixar
As suas mãos lá na calçada da fome
Será porque lá eles não irão ver brilhar
Em luz néon todo o glamour de seus nomes

Será?
Por ser a calçada da fome?
Será?
 
 
 
(Petronio)
Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

Para adicionar comentários, você deve ser membro de Casa dos Poetas e da Poesia.

Join Casa dos Poetas e da Poesia

Comentários

  • Parabéns Petronio por teu texto! 

This reply was deleted.
CPP