O reDescobrimento do BRaZil (Paper Feito)

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O REDESCOBRIMENTO DO BRASIL

 
1.  O outro lado da história

Abril de 1500. Pero Açu-etê, assim relatou a história que nosso moderno translator decifra (as centenas de civilizações indígenas existentes na época não adotavam a comunicação guttenbergeriana):

"Nas linhas do horizonte marítimo, observamos diversas embarcações com estranha aparência que aportaram em nossa Baia. Dela, vimos descer em canoas, o que julgamos ser gente, ainda mais estranha, e particularmente feia - muito feia.
 
Suas genitálias, eram cobertas com "coisas", que esses selvagens chamavam de "roupas" e que tempos mais tarde, observamos que fazia parte de sua (in)cultura, uma tradição de usos e costumes que eles chamavam de moral. Como estavam adentrando em nossas propriedades, e procurando ser amistosos, nos presentearam com mimos tais como anéis e braceletes, que traziam um emblema onde quem soubesse ler lia: "made in Lisboa - Lojas 1,99 escudos".
 
A esse ato de doação, eles chamavam de ética, por estarem adentrando nosso território sem convite. Como nessa época, a moda dominante era o mercantilismo, nosso povo, em reciprocidade a valores tão éticos - morais, entregava-lhes ouro, pau-brasil, e nossos serviços gratuitos, além, é claro de nossa hospitalidade, conforme nossa tradição. Dissemos a esse estranho povo, que "a casa é sua"- e de fato, a partir desse momento realmente durante as próximas vinte e seis mil luas, eles tomaram conta de nossa propriedade, fazendo-a sua por direito, segundo sua tradição que eles chamavam de "uti possidetis".
 
Mas, usando de seus valores morais, de sua educação, sua cultura, sua ética, para que não sofressemos injustiças, discriminações ou desigualdades, criaram exclusivamente para nos atender um Departamento Ético e Moral que eles auto denominaram de Funai. E assim foi, que nossos quase três milhões de corados índios, receberam a educação, e transformados em caras pálidas, puderam como fazem hoje, participar do processo de globalindigenação, com justiça, moral e ética".
                        
2. A História com que nos educaram
 
Bem, não vamos repetir aqui a famosa Carta de Pero Vaz Caminha enviada a Dom Manuel, onde poeticamente são relatadas as maravilhas da nova Terra de Santa Cruz, em que ele eticamente declara que na realidade, já existia um povo selvagem e pagão habitando o local.
 
Mas esse, era apenas um detalhe que certamente nenhum Tabelião - Mor da Coroa, iria considerar e deixar de fazer a Escritura - não de posse - a definitiva, devidamente registrada nos Cartórios de Ofícios e Notas, nos termos das leis, da moral e da ética vigentes.
 
Aos posseiros portugueses - nossos antepassados - coube a tarefa de colonizar suas novas terras, civilizar os selvagens aqui existentes e promover a "Educação para Todos". Nos termos da LDB (Lisboa - Diretrizes Básicas) da época.

3 -   A história da educação brasileira - de 1500 a 1759

Em síntese, a educação básica da população que se multiplicava no Brasil, foi essencialmente a ideológica - religiosa, transmitida pelos Missionários da Companhia de Jesus - os Jesuítas. No entanto, a educação era diferenciada ou seja: o processo de ler, escrever e frequentar escolas, era restrito aos donos de engenho e seus descendentes.
 
Aos agricultores (proletariado da época), aos escravos - negros ou índios, era dada a educação da catequização. E considerando a baixa produtividade que estes tinham no processo produtivo, quer seja na extração de madeira, no plantio de cana  ou nos engenhos de açúcar, antecedendo a "senailização" atual, era lhes dada uma educação para o trabalho, embora reconheça-se, não teve muito sucesso essa metodologia didática. Ou se preferirmos, poderíamos já chama-la de "fracasso escolar".
 
A história da educação brasileira, rendeu aos abnegados e bravos paulistas que cansados da produção de subsistência, iniciaram a caça e aprisionamento de índios para venda como escravos, o título de heróis e desbravadores responsáveis pela expansão de nossas fronteiras.
Rendeu também, todas as honras ao nosso Patrono do Exército o Duque de Caxias por ter sido o comandante em Chefe das Forças aliadas no episódio da Guerra do Paraguay que bravamente, à frente de cerca de 20.000 "velhos" soldados bem armados, massacrou as forças de Lopes comandadas pelo General Caballero, entrincheirados em Acosta-Nhu composta por 500 veteranos do VI Batalhão e cerca de 3.500 crianças com idade entre 9 e 15 anos.
 
Da mesma forma como anos mais tarde, homenagearia ao Marechal de Ferro, dando seu nome à Capital do Estado de Santa Catarina, pelos seus heróicos atos praticados na Ilha de Anhatomirim. E nada mais justo, tomando-se literalmente ao pé da letra o significado do que seja justiça, como um dos mais importantes valores morais e éticos, elaborados no seio de uma sociedade, evidentemente, pela classe dominante.
 
Mas, assim é a lei da história - a lei da educação - a lei dos valores morais, da ética, dos costumes. São escritos e impostos pelos dominantes aos dominados. Sem o qual, não se teria uma ordem. E sem ordem, como reza nosso estandarte, não pode haver progresso.
 
Em 1759, O Marques de Pombal, não se sabe como, conseguiu expulsar de nossas terras os Jesuítas, pioneiros e fundamentadores de todo o nosso sistema educacional, muito embora seus sucessores ainda se mantêm até hoje firmes em sua missão educacional, através de suas AEC's (Associações das Escolas Católicas). E procurem resgatar os valores morais e éticos - mais que isso - discutir o seu real significado.

4. A pré revolução industrial no Brasil - colônia: 1759 a 1964 
 
No século XVIII, processava-se no Continente Europeu a consolidação da ascensão da Burguesia - os novos donos do poder - a nova classe dominante que ainda perma-nece nos conturbados dias de hoje. Respaldados nos paradigmas do conhecimento científico (muito embora na época, o termo paradigma recebesse os nomes de empirismo, racionalismo, iluminismo, e outros ismos), a classe dominante emergente, abolia os argumentos religiosos ou filosóficos que justificasse sua prevalência e dedutivamente à maneira newtoniana e cartesiana, impregnava a cultura da racionalidade na moral e na ética abolindo o senso comum, e a filosofia,  em prol do social científico.
 
E como o "científico" praticado pelos cientistas de todas as áreas do conhecimento e do desconhecido era patrocinado pela Burguesia, poder-se-ia cartesianamente deduzir que "ser social" era ajudar a si mesmo. Ideologia que vigora mais firme que nunca nos tempos pós - modernos de hoje.
 
Esta introdução fez-se necessária para relatar que embora os historiadores burgueses nacionais citem que no Brasil não aconteceu a revolução industrial que,  alegam, só começou a ocorrer de fato após JK, na realidade, desde quando nosso povo praticamente extinguiu o Paraguai reduzindo-o de 800.000  a pouco mais de 100.000 habitantes, não foi divulgado que tal proeza só foi possível devido aos financiamentos maciços em libras que a bondosa Inglaterra, então em pleno apogeu da sua Revolução Industrial, nos fez.
 
Assim, a verdadeira história de nossa fabulosa dívida externa começou em 1824, logo após a desvinculação legal do Brasil a Portugal (que a história da educação chama da Independência) e a "livre e expontânea" vinculação ao poder hegemônico da Inglaterra que posteriormente, transferiria esses poderes aos seus herdeiros e sucessores, os Estados Unidos, que hoje patrocina os paradigmas do processo de ocidentalização (o mais correto seria chama-lo de americanização, desde que considerando-se por América os Estados Unidos - tal como ele próprio se intitula) que é mais conhecido como o fenômeno irreversível da globalização.Logo, sob este ponto de vista histórico, já nos tornávamos partícipes da revolução industrial, muito embora na condição de proletariado da burguesia européia.

5.  O regime militar e a volta à democracia:  1964 - 2000  

A implantação do regime militar no Brasil, do qual somos testemunhas oculares, na realidade, não foi um atentado à democracia, se a observarmos sob o prisma de que o regime militar, só foi também possível acontecer, devido ao suporte financeiro e ideológico do IPES - Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais, e outros Grupos conservadores. Tais grupos eram subsidiados e vinculados a potências estrangeiras e à embaixada norte-americana, além dos vínculos ao empresariado nacional - donos do poder econômico e apoiado pela cúpula militar.
 
Logo, se a democracia norte-americana - o maior exemplo de democracia - foi a fomentadora do regime militar que alguns rotulam de ditadura no Brasil, do ponto de vista ético e moral, será necessário que reconceituemos o significado do que é democracia. A volta à democracia também planejada pelos nossos dominantes, na realidade não mudou em nada o quadro social do Brasil, ou seja: não diminuíram as desigualdades sociais do povo - ideologicamente alheio a tudo que se passava ao seu redor - preocupado que sempre esteve em prioritariamente subsistir.

6.  Os 500 anos do descobrimento e o inicio dos outros 500: 22/04/2000 - 22/04/2500
 
Bem, parece que chegamos ao final da primeira parte de nossa história. O começo da outra história - este sim, esperamos - serão "outros 500". Estamos em plena era da valorização do conhecimento. O conhecimento e a posse do poder da comunicação são no momento atual, os principais valores. Morais e éticos. Assim, justifica-se que a globalização (entenda-se também como tal a Rede Globo de Globalização), tenha promovido anos atrás a festa de 500 anos do descobrimento, desprovida de qualquer sentido crítico.
 
A própria Missa comemorativa dos 500 anos, em que os antigos proprietários da terra - os tupis e guaranis - ora semi-civilizados, se cercaram de uma faixa preta em sinal de luto, bem demonstrou o sentido (ou falta de) das comemorações. De qualquer forma, foi oportuno. Fez despertar em muitos de nós, uma motivação e uma força interior, até então quase morta, anestesiada, para discutirmos o processo da educação do nosso povo, da moral da ética. Um processo que leva a um inventário moral e ético - individual e social, que nos permita e possibilite promover as rupturas necessárias no sentido de que seja este momento histórico, o momento da construção de uma nova história do Brasil - de um novo Brasil, diferente.
 
O sonho não acabou. Pelo contrário, está apenas começando. E sonhamos grande: vislumbramos nessa nova metade de milênio que se nos apresenta, a nossa liberdade de fato, a nossa soberania, a nossa independência.
 
Só esperamos que não aconteça no 4 de julho.
 
Com educação e com ética, construiremos o "Brasil outros 500"... - Vivos ou Mortos!!! gaDs
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Prof. Avelar = josé de avelar = ZK Feliz

 

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