ORATÓRIA

A boca molha e clama ardentemente
Pela outra boca

Cobiça, profana
Deseja o absoluto
Declama o encanto, recita e canta

Cala enquanto a outra fala
Fala de si quando a outra cala
Passeia os lábios, ri da interlocutora
Sonha com o beijo arteiro que a quer beija-la
Saliva, anseia, pela ideia acesa
De tomá-la presa pela língua morna


Até faz caras ante um bocejo
Solta a voz se a garganta grita
Retém os sons quando sussurra
Por vezes urra e engole a borra
Do apregoado choro quando magoa

Ah, a boca sabe a exata hora
De rir sem graça ou gargalhar
Rasgar os dentes se necessita cuspir
Reter aflita o ar por alimento


Mas sobretudo ora e elogia mais que maldiz
Pois pela reza fomenta o fôlego
E todo o ser que a tem se curva
Nesse místico momento

 

PSRosseto - www.psrosseto.com.br -

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

Paulo Sérgio Rosseto

Para adicionar comentários, você deve ser membro de Casa dos Poetas e da Poesia.

Join Casa dos Poetas e da Poesia

Comentários

This reply was deleted.
CPP