Por onde passo

 

 

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A rua tem memórias que se

 assentam como uma névoa que

 perdura muito depois de ter sido

 soprada ao tempo.

 

Vozes do passado fincaram raízes

em sua antiga fundação.

São sussurros que descem como

musgo nas calçadas e paredes

 das casas antigas.

 

Há uma cafeteria na esquina.

Uma casa estilo Déco com portas

almofadadas e floreira apinhada

de crisântemos coloridos

 Uma igreja de nome Santa Luzia

 triste como de costume.

 

O antiquário do outro lado da rua

 fechou e uma placa na vitrine escura

 informa; Aluga-se.

 O sol bate em cores na calçada: formando

 um halo vermelho azul, púrpura com o dia

 criando vida com as mãos estendidas. 

 

Janelas abertas vibram em lembranças

desatando recordações que dançam

vaporosas ao ritmo das cortinas rendadas.

O ar quente do verão levanta pedaços

 de papel que se elevam delicados,

 rodopiando rasteiros e graciosos na calçada.

 

Pássaros voam acompanhando o vento numa

 espécie de ritual ao encontro do horizonte

Nesse instante sinto o amor que eleva os homens

 a altura dos anjos.

Essa é minha rua que está sempre guardada no

silêncio entre portas e janelas que se fecham

arrematadas por bordas de sonhos e nostalgia.

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