Princesa do Vale (Conto)

 
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Princesa do Vale (Conto)

 

Era uma vez uma pequena cidade de 5 habitantes. O Pai Francisco, a Mãe Dona Rosa, a filha Clara, o gatinho Feliz e Deus.

Era o Pai Francisco entrou na roda, Dona Rosa que brigou com o cravo, a bela e abençoada filha Clara, NÃO atire o pau no gato e Deus.

Inusitada esta cidade de nome Princesa do Vale, registrada como tal há mais de 300 anos em placas. Nunca tivera moradores identificados, igreja, prefeito, político, juiz, advogado, bar, estalagem, comércio, a farmácia, lar de mulheres, casas, ruas e planejamento urbano. 

 Nunca fora visitada, aventureiros e viajantes raramente ali passavam, não podiam ver ou perceber a cidade. Enxergavam vez em quando um casebre abandonado, no centro de uma clareira, na solidão do Vale estendido em vasta área infinita perdida na imensidão indevassável de terras de ninguém. 

 Em certo ponto dos milhares de caminhos possíveis, esta única estrada de terra desenhada pela erosão do tempo, rodas de carroças e patas de cavalos, lia-se numa placa que se conservara por anos “Princesa do Vale - 15 quilômetros”. 

Clara crescia com os ensinamentos dos Pais. Aprendia com as percepções que absorvia das campinas, das plantações, das estações do ano, que eram de uma precisão pontual, assim contavam corretamente os anos. Completa sua felicidade admirando as espertezas e peripécias do felino Feliz, seu irmão de adoção. 

Clara intuía dias vindouros, o futuro, sem noção e perspectivas, numa cidade de 5 habitantes. 

Em um dos invernos, o décimo quinto de Clara, de morte natural, jovens senhores, morreram no mesmo dia, mesma hora, minutos e segundos, seus Pais, Francisco e Rosa.

Clara rejeitou a solidão aliando-se a uma sofrida depressão ao ponto de uma paralisia inercial.

 

“Deus a poupou”.

 

Mal alimentava -se, descuidos com a aparência, uma visão embaraçada da vida. As silenciosas confidências que não tinha, Clara as contava a Feliz. Este felino, talismã do casebre superara as perdas dos Pais nas mãos carinhosas de Clara. 

Em dia de outono, adormecida na noite solitária, sonhos misteriosos e imperiais, imperiosos, Deus determinara   e impelira Clara   seguir o caminho do Feliz, fugindo daquela cidade em direção ao Sol: Agora de 3 habitantes: Clara, Feliz e Deus.

Confusa sem saber que caminho seguir, acariciou o gatinho que disparou a correr em linha reta, Clara seguia, o trajeto em direção ao Sol. Dias e meses de caminhada dura, exausta na primavera florida e perfumada, na caverna   dormira por dois dias. Pesadelos assustadores, Clara é atacada por repteis, montanhas desmoronam, um rei é uma cobra, fim de mundo. 

Acordada está em delírio, mas Feliz não, sóbrio abana o rabo, rodeia Clara clamando que ela ande. Parar é a morte.

Caminham em frente e adentram em floresta virgem fechada, percorrem a áspera mata de espinhos e insetos, em zigue zague desbravaram o desconhecido.

Em certo dia chuvoso Feliz é parado por uma cobra em meio a um espaço aberto e gramado, mia e chia de medo, mas a cobra fala:

-Sou a cobra de jardim na espera de vocês. Daqui em diante sou guia dos dois. Sou a cobra Estrela Guia. Viajaremos nas noites na claridade do Luar. Durante os dias claros de Sol, sempre teremos um esconderijo, há perigos. Minha missão é levar Clara ao seu destino.

Feliz nada miou. Clara ouvira, tentava ver em seus sonhos sentido para aquelas todas as novidades e surpresas.

 

Partiram nas noites de luar. Descansavam e dormiam de dia, e solitária lhe apertava o coração a falta dos Pais, do casebre, da cidade que largou ao Deus proverá.

Passados dias e dias aportaram em frente ao Castelo que se equilibrava no cume da alta montanha.

Clara relembrara a imagem do Castelo, da montanha, do lugar, da cobra de jardim, dos caminhos, de um destino de seus todos sonhos e pesadelos que agora tinha sentido.

 

- Querida cobra Estrela Guia. Posso seguir eu e Feliz até o castelo, recordo-me do caminho, não errarei o meu destino.

- Minha Clara Rainha. Esta  singela cobra não completou a missão. Você e seu   amiguinho   não entrarão no castelo que não têm portas de entrada e ao cume impossível escalar é íngreme e inalcançável as mãos com os pés.

- Amiga cobra de jardim, se não podemos entrar no castelo sem portas, ninguém conseguirá, e o meu destino, onde vai brotar.

´- Oh minha Clara Rainha. O Mago Senhor me confidencia todas as profecias e as que me são dadas em missão, sou levado ao encontro da solução do final feliz

 

- Sim, Estrela Guia, nosso rato de jardim, faremos tudo que mandar.

 

Estrela Guia passa as ordens:

-A partir daqui vocês seguem meu rastejar sem vacilar, sem parar, descansar nem pensar, é resistência, é perseverança, é esperança. Façam o meu caminho, sem medos ou receios, estou abençoado para abençoar. Se não seguirem o caminho ficarão perdidos para sempre no Vale da Solidão.

 

A cobra Estrela Guia rastejou longa distância e aos pés da montanha, encontrou por acaso já prescrito, uma rocha úmida de limbo, lambeu um dos cantos e a rocha abriu-se, um caminho se fez em escadarias. Cansados a exaustão subiram degrau a degrau até o cume na saída do salão oval do Castelo.

 

O Príncipe Ricardo solitário aguardava a prometida Princesa Clara, a futura Rainha das Terras da Boa Ventura. 

Casaram e tiveram filhos. Deus aprovou. Renascera um reinado forte nas Terras do Castelo de Ventura.

 

Feliz, o felino sagaz, o confidente da Rainha.

 FIM

Antonio domingos ferreira filho

Março 2019 REVIAD 

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Comentários

  • Bom quando os enredos tem final feliz.

    Aplausos, Domingos.

    • Com certeza amiga.

      Novelas (TV Globo): se os finais forem tristes, as audiências caem.Aliás é a audiênca (IBOPE) que dita e participa das tramas. Os autores na medida do possível, atendem ao clamor popular.Você sabe disto, é claro, mas como um ser meio solitáro, desabafo com meus comentários e há riscos de falhas, prefiro arriscar, assim como eu tenho o hábito de dar perfumes como presnte sem conhecer o preferido do presenteado.Tenho uma crônica na mente.

      obrigado por ler e comentar.

      abraço e feliz semana que amanhã se inicia.

      antonio

  • Belo texto.

    Aplausos!

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