Vou sonhar que não estou sendo forçado a ser rei, rei do que afinal, talvez de alguns tolos que ainda acreditam numa nobreza frívola , superflua e calculista.
A vista pro lado norte do castelo da pro mar, esse mar que nunca naveguei, que trouxe tantas riquezas, tantas culturas, tantos escravos tanta dor, tanto invasor pretendendo atravessar as muralhas de um reino de incertezas.
Também sou escravo, escravo de mim mesmo e desta nobreza decrépita, cheia de opulência e podridão escondida nas entrelinhas da luxúria e da ganância e que vivem às custas de um reino decadente, serpentes reluzentes num mar de confusão e maldades.
O reino se estende muito além do horizonte,
Quantos reis como eu desconhecem o seu reino??
É inaceitável amar, uma fraqueza que pode me destruir, mais isso é um tormento somente para uns poucos , não amar de verdade pode extinguir a chama da vida , mais permite a frieza e o cálculo necessários para eliminar sentimentos e desconfiar de tudo e de todos.
Não se reina sem inimigos intimos , sem hipocrisia e malevolência, foi o que me ensinaram, é como ser envenenado devagarinho pela mente e pela alma, o poder vicia mais corrompe o coração.
Que rei sou eu afinal que desconhece sua natureza?? Aprender a não amar pode ser um sofrimento insuportável muito aquém das minhas forças, a fraqueza e perigosa e no meu caso pode ser mortal.
Da torre mais alta ainda escuto as águas batendo nas rochas lá embaixo, a sutileza da brisa é um bálsamo reconfortante, saber que o jogo é de cartas marcadas já não me preocupa porque sei que pra sobreviver tenho que carregar uma mochila de mentiras e vaidades.
Amanhã subirei ao trono como numa condenação fatal, selando meu destino e dando as bem-vindas aos meus inimigos que estão ávidos por vantagens de poder e riquezas , terrritorios que se anexam ao reino e promessas de guerra.
Que rei sou eu se não uma fábula mal contada, num teatro onde sou a maior marionete, mesmo sendo quem controla as cordas...
Diego Tomasco.
Comentários
Parabéns! Um belo e reflexivo texto! Adorei!
Obrigado