"Aquele amor morreu, só não consigo enterra-lo"
Estava escrito naquele papel
escondido debaixo das calcinhas, dentro de sua gaveta.
E ao ler aquilo, me senti pequeno
dos versos tão trabalhados que tento escrever
a simplicidade daquele, me deixou boquiaberto.
E ela sempre me disse que não era inteligente
que não era nenhuma poetisa
aquilo me fez pensar.
"Minhas palavras bonitas não dizem nada
são apenas ruídos escritos
letras antigas que ninguém mais entende".
Uma linguagem fora de época
tentando imitar e filosofar ,como gente que nem conheço
e mal dominando o português correto na boca.
Como posso passar meus sentimentos
descreve-los com palavras que ,já foram ditas por outros escritores
mas que só eu vivi?
Não posso usar suas bocas
para beijar as mulheres que irei amar na vida
e nem ver com olhos voluptuosos, de alguém que chorou por motivos contrários aos meus.
Seria como doar algo, sem ter para dar
amamentar os filhos, com amas de leite e água
crescer e se reproduzir , reciprocar
sem aquilo, com o que trocar
Lendo-a, percebi que meus versos são escuros
cheios de firulas , e que se esquecem de, me transmitir em suas linhas
são como dançar na frente de um cego, esperando aplausos fervorosos.
Confesso que ler aquilo, foi um tapa na cara
uma borracha em tudo, o que há de concreto em mim
achei maravilhoso, mesmo com a modéstia, de ser o protagonista
sem saber que cabia num verso só.
Fiquei extasiado e perplexo, admirado com a caligrafia
fina e solene , enquanto a minha é borrada, como receita médica
é tremida e mal compreendida, mas necessária para poder me dopar.
Senti em meu âmago, um estreitar de vontades escondidas
daquelas que temos, de engolir de volta a seco
lendo um verso final, se tornar o epicentro de coisas vividas
Tão puro e categórico, como ver o próprio cariz
trombar-se com o peso da negação
frente ao espelho... como eu fiz.
Lendo-a, me perguntei como alguém pôde me descrever
tão bem, melhor até do que eu mesmo?
a resposta estava escrita, em palavras de quem nunca quis
ser uma poetisa.
Então eu dobrei o papel, e fechei a gaveta
e naquele largo silêncio do quarto
eu renasci... de um texto de gaveta.
Comentários
Sem palavras para descrever
a beleza desta sua poesia só aplaudindo de PÉ...
Final magnífico, talvez uma bela surpresa para o leitor, mas, para o Poeta inspirado não.
Um verso que em minha humilde opinião de leitor em muito sitentizou o âmago do texto foi,,: sem saber que cabia num verso só.
aqui o poeta deveria ter um reconhecimento de que tem algum valor e com toda razão
O que conta é toda a poesia.Linda.
Parabéns amigo Robert
Antonio Domingos
Lindo demais!!!
Parabéns!
Ma-ra-vi-lho-soooooooooooooooooo! Aplausos!