SAPATOS ESQUECIDOS

                           “SAPATOS ESQUECIDOS”

 

         No mundo que vivia outrora, levou uma vida cheia de tristezas e amarguras, infestada que era por turbilhões de emoções negativas.

         Sua vida não merecia ser observada por ninguém, já que tratava a si mesmo como alguém acometido de uma terrível doença que lhe corrompia seu mais profundo íntimo, fazendo sofrer a muitos que o amavam.

         Inexplicavelmente trilhava por caminhos obscuros, cujas noitadas eram voltadas para o lado ruim de sua vida.

Desejava, à todo custo mudar, no entanto, sua pequena força de vontade, determinação e aceitação, o impediam.

Acreditou sempre que um Poder Maior iria tirá-lo daquele mundo perdido, sem que pudesse vislumbrar algo de bom.

Considerava-se um esquecido entre todos os homens, por isso, tornou-se um caminhante de noites perdidas e caminhos pedregosos que lhe tiravam a vontade de lutar e vencer.

Eram noites e mais noites mal dormidas, fervilhadas de esquecimentos, apagamentos e condicionamentos físicos.

Trata-se muito mal, sequer cuidava de sua aparência, mal barbeado, não muito bem-vestido, seguida mundo afora como se o caminho que desejava, jamais seria encontrado.

Certa ocasião pensou que talvez “esquecesse os sapatos” não sairia de casa e as coisas ruins não mais aconteceriam. Ledo engano, porque mesmo assim, daquela forma, descalço, saia sem se importar com nada, pois sua mente, já enfraquecida, não atinava a mais nada.

Assim, os anos foram passando e após vivenciar os mais terríveis pesadelos, as mais terríveis angústias fazendo sofrer a quem não merecia, suplicou ao Poder Maior que o ajudasse a mudar o sentido de sua vida.

Numa clara manhã de sábado encontrava-se esquecido e abandonado, largado feito um ninguém, com os “sapatos esquecidos”, talvez deixados no lar para ter um motivo para não estar ali, em pleno “apagamento” memorial, físico e moral, sem falar do espiritual, voltou a realidade e observou onde aquele caminho o tinha levado: miséria, desgraça, abandono de lar e familiares.

Não suportando mais tudo aquilo, elevou os olhos Aquele que poderia mostrar-lhe uma nova luz e teve em seu interior a resposta que tanto buscava.

Saiu do local as pressas, pegou o carro, dirigiu-se ao local de onde nunca deveria ter saído em momento algum e após confessar aos seus entes queridos o que mais desejava para si, viu-se transformado em outro alguém e hoje, com a ajuda do Poder Maior, de amigos sinceros e verdadeiros e de sua importante família, é um ser normal, feliz, com responsabilidades que o levaram a trilhar seu caminho da paz.

Seus “esquecidos sapatos” só os tiras para repousar em casa, na praia e ao dormir.

Venceu os medos, as dificuldades e hoje transita, pela vida, tranquilo, sereno e com vontade de continuar a vencer, levando apenas “um dia de cada vez”.

 

JC BRIDON

 

18/05/2016  -  15,50 hs.

 

 

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Comentários

  • Gestores

    Um belo conto. Descrito de maneira singular.

  • Um texto primoroso, caro poeta. Sempre com muito estilo e grande sensiblidade nos agracia com esses textos. Abraços

  • Uma história de vida vitoriosa depois de muitas dificuldades enfrentadas.

    Belíssimo texto poético e merece um destaque pela excelência

    Abraços fraternos amigo Bridon 

     

  • Poema primoroso, poeta amigo.

    Minhas sinceras reverências.

    Sou seu fã.

    Abraços, paz e Luz!!!

    P.S. A matéria escrava é débil e, se o espírito não for educado, ela o seduzirá e o destruirá.

         O que o senso comum chama de vontade forte, a filosofia chama de espírito educado.

  • Olá Bridon um belo texto onde retrata o ser fraco da humanidade.

    Parabéns.🙌🙌🙌🙌🙌

    Um forte abraço.

    #JoãoCarreiraPoeta.

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