Trâmite
Eu perseguia com firmeza, estimulado, por idéias contemporâneas rabiscando rabiscos descoloridos, uma futuridade.
As adversidades eram discutíveis e duras ora fáceis e mesmo assim seguia assobiando uma canção de ninar sem explicações , somente uma canção de reflexão e nada de uma menção de mistério sem eu perceber do que se tratava..
Os sentenciados destinos ancoravam num mar de lágrimas de fome, de sumiço de comida e de roupas e um pente para me pentear a saber como isso poderia significar.
Um tropeço na descascada da calçada gerou inconveniências. Tinha de ser tapado o buraco mas faltou verba.
A infiltração de água no telhado chove dentro de casa, era para ter sido consertado mas faltou verba.
As paredes do desgastado quarto desbotado tinham de ser revisitadas e pintadas, mas faltou verba.
O mundo equivocadamente me estranhava, porque eu…
Eu depreciava a tudo e a todos quando na realidade tudo não passava de uma auto reclamação e autopiedade.
“”Autopiedade é o pior sentimento de um ser humano, o que meu inconsciente me dirá””
E, como meu consciente, justificará aos meus sentimentos que me julga.
Na solidão eu ainda observava tudo à minha volta menos o que estava ao meu redor.
Permeava pela Solitude ouvindo as canções que você fez pra mim, sonhos de ninar….
Minha companhia o brilho da estrela perdida nos Cosmos solitária azulada de um, um somente, desejo.
A minha angústia perseguia um chegar a um lugar, num ponto, que mexesse comigo, com minha reprimida alma, onde sons curiosos , um mistério, tolo a me assombrar.
Arrimo de família, eu desconhecia responsabilidades, facilidades eram os meus sortidos. O temor, uma situação indesejável e cruel, um sofrimento, muitas desilusões.
""Uma vida de obturações, tantos vícios, tantos resquícios, tantos nadas!!!"""
Uma criança dentro do peito dizia em língua estrangeira e minha tradução não era automática e ansiava o que a vida queria dizer, me orientar, me direcionar.
Caminhando por trilhas sem querer andar, certa depressão, procurava por instinto algo que me afirmasse arrimo de família de mim mesmo.
Meio vivo, meio morto, um encantamento me encantou naquela verdejante clareira cercada de uma natureza exuberante.
Não sei explicar como o caminho me carregou no colo até naquele lugar mágico..
Naquela gigante clareira havia uma barraca de camping de quatro cômodos lá morava a menina de olhos azuis com sua avó.
Que encanto de conto de fadas era a beleza da menina dos olhos azuis, minha querida Guilhermina junto de sua avó.
Como aquela agora minha avó, cozinhava,bordava, cuidava da horta,também me adotou como um verdadeiro filho homem, Dona Maria Sepúlveda.
Aquilo tudo extremamente azul, uma forte cor de anil, uma neblina em meus olhos, ofuscava minha visão e progrediu para uma total cegueira.
Eu perseguia com firmeza, estimulado, por idéias contemporâneas rabiscando rabiscos descoloridos, uma futuridade.
A menina de olhos azuis também cantarolava tal qual minha canção de ninar, que eu sempre cantei por cantar desde menino, lembrei-me de que minha mãe talvez tenha me ensinado a cantar…Minha mãe se ausentou antes dos trinta. Penso, permito um apenso agora , na certidão não consta nome de meu ,de um qualquer Pai que pudesse ser..Eu , um adotivo da vida e do tempo que nada apaga.
A menina me carregava pelos atalhos da floresta e dizia quais plantas curavam doenças.
Quais plantas curavam manias doentias
Eu conheci quase todas trilhas que rodeavam a clareira onde um lindo sonho sonhei.
A química daquele lugar me transformou no processo de uma metamorfose.
Eu perseguia com firmeza, estimulado, por idéias contemporâneas rabiscando rabiscos descoloridos, uma futuridade.
Fim
ADomingos
20/03/2025
https://youtu.be/tHLFAXBY8gg?si=F4pUGqnCbjkZQvxY
Comentários
Hoje, vou comentar. É a segunda vez que leio.
É um conto rebuscado de sonhos e metas.
Alcances que se busca, nem sempre encontrados, mas com um resultado mais positivo do que negativo.
Parabéns pela imaginação, inspiração e habilidade usual.
Agradeço muito de coração amiga Margarida.
Uma honra seu comentário e atenção
Sempre uma incentivo para mim.
Abraços fraternos
ADomingos
QUE LINDEZA ANTONIO
TE APLAUDO DE PÉ
ABRAÇO
Abraços fraternos Prezada Poetisa Ciducha por seu lindo comentário.
Muito obrigado por tudo.
Esteja bem sempre
ADomingos
Bravissimo Antonio! A tua imaginação para escrever contos e crênicas é muito grande. Li com gosto e te aplaudo, companheiro. 1 ab
Muito obrigado prezado Poeta Nelson Medeiros.
Sua apreciação é inteligente e generosa.
Um incentivo para mim
Que bom que você gostou...Isto é importante para quem escreve...
Gratidão por sua fineza e educação..
Abraços fraternos
ADomingos