Após o último caça levantar voo do convés do USS Yorktown, rumando para o ataque maciço que antecederia ao desembarque na Normandia, culminando com o início da operação “Overlord”, o capitão naval, Daniel Stevens, sacou um pequeno pedaço de papel que jazia no bolso interno de sua jaqueta e ponderou que seria um bom momento para lê-lo. Ele fora escrito por seu pai, um pastor evangélico do interior do Arizona, que o escrevera e entregara ao filho, dias antes de sua partida, pedindo que seu conteúdo fosse lido apenas quando o ataque tivesse início. Daniel não contara detalhes da operação, mas sabia que seu pai sempre fora um homem bem informado. Ele abriu o bilhete e começou a sua leitura em voz alta:
“Senhor, sei que não sou digno de sua atenção, mas esta oração tem destino certo: o coração e a alma de cada um dos bravos rapazes que, como meu filho, estão envidando esforços para combater a maior calamidade que já se abateu sobre a humanidade; Senhor, não posso pedir pela morte do meu inimigo, pois antes de meu inimigo, ele é meu semelhante; sei que assim como famílias angustiadas oram deste lado do oceano, outras também o fazem do outro lado. Não oro por vingança, pois ela não de coaduna com a esperança que todos ansiamos; não oro pela destruição, pois, o que buscamos é a reconstrução; não oro pela vida de entes queridos e preciosos, mas oro pela sobrevivência da humanidade, baseada na fraternidade, na liberdade e na igualdade. Senhor, eu não oro pela guerra, mas sim pela paz …, porém, Senhor, eu sei que mortes ainda haverão, perdas ainda acontecerão, amores se perderão e com a almejada paz ainda sonharão …, Senhor, o que eu peço é perdão; perdão pelos que morrerão, perdão pelos que não nascerão, perdão que todos, ao final, merecerão …, é apenas isso que eu peço. Amém”.
Ao terminar de ler a mensagem, o soldado não conseguiu reter uma lágrima que escorreu pelo seu rosto, lembrando-se do rosto terno e fraterno de seu velho pai …, eles jamais voltariam a rever-se.
Muitos anos depois, essa mensagem foi encontrada por um recruta da Academia de Westpoint, dentro de um pequeno baú de metal que ninguém soube explicar a quem pertencia; ao entregá-la ao General Miller, comandante da escola militar, este leu a mensagem e ordenou que ela fosse emoldurada e colocada em local de destaque na entrada do prédio principal da Academia.
“Esta é a mensagem que todos devemos guardar em nossos corações e mentes para sempre”, escreveu o General como referência ao destaque dado a ela. (By Antonio Trovão)
Comentários
Esplêndido texto! Parabéns!
Nossa! Obrigado minha querida amiga!