Viver com o Inimigo

Viver com o Inimigo

Quantos de mim explodem e morrem
todos os dias, meses e também anos
se me salvo em meus desenganos
nestas flores desertas sem pólen
neste eu repartido e tirano

É nos universos finitos vividos
que quanto mais vivo mais estou morto
ao caminhar neste mundo desconhecido
são minhas almas que surgem de um aborto
e se despedaçam cada uma em seu porto

Eu crio em papeis mil novos planos
e tatuo neles as minhas almas
são tantas e tantas faces difusas
neste mal inerente a nos humanos
que me trazem todos estes traumas

Nada vem a mim com mais maldades
que um meu pensar que eu controlo
porque eu não possuo mais verdades
e neste gargalo eu peço e imploro
corte a minha razão pela metade

Corte esta dor que em mim assola
este meu viver é um cruel castigo
esta m’alma doida que se descontrola
sem ter a noção de que é um perigo
morrer mil vidas e ser meu próprio verdugo
viver mil vezes sendo o meu próprio inimigo.

Alexandre Montalvan

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Alexandre

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