A expressão do silêncio

A noite pernoita aninhada no

vazio do tempo

cerrando as pálpebras da vida

madrugando no caos dos meus

pensamentos

atropelando cada hora que cessa

encostada no aposento silencioso

dos meus desalentos

 

Ali vislumbro a expressão do silêncio

despertando uma palavra fossilizada no tempo

uma sedução clamando em todas as

intempéries afoitas louvando

o hino de amor adormecendo os

tentáculos dos desejos…ou cativando

um beijo coando a luz  passando

entre as cortinas da vida vadiando

 

Tal qual

A brisa indelével, assustadora

cobrindo minhas lembranças numa

canção solitária,assim me inspiro

jardinando a sinfonia

de todas as ausências que relembro

na branda e tão nublada madrugada

que perfumo e entretenho

 

A vida passa por aqui

de raspão

mensageira de tantas ausências

pensamento em desalinho

prostrado de joelhos…em oração

eternizado em versos que te deixo

num embriagado acto de amor

recostado num lamento escrito

e raptado nos confins do teu coração

 

A solidão tornou-se hostil

Gemeu neste corpo

onde raiou cada metamorfose

no baldio dos meus silêncios

vagueando numa ebulição de

palavras apaixonantes

sequiosas…vibrando extravagantes

 

Escrevinho agora a eito todos

os meus fiéis pensamentos

Reproduzo sôfregos versos beirando o

utópico lamento do tempo  onde jaz a vida

impressa em fragmentos  sedados na fragrância

de todos os meus desalentos

 

Por ali chegarei suplicando num verso

que desponta a esmo

Um beijo semântico desnorteado que me

deixaste num romântico poema

rasgando a gargalhada profunda que

desvenda a noite que assim nos algema

pressentindo-te ali fotografada na réplica

unânime de uma eternidade tão suprema

 

Numa vaga e servil vénia

alimento o sonho a jusante

do teu rio

Refino a génese da vida

Mordisco só a saudade que

refresca  o montante de todas

as memórias vasculhando cada recanto

do tempo que sublima a nuance de

um poema blindado numa carícia

que te deixo expectante e vitalícia

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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Comentários

  • Essa saudades que sempre toca a alma é o que se pode chamar de vivências.

    Lindíssimo poema.

    Destacado!

  • Essa é a mai pura expressão  da poesia. Silêncio ensurdecedor e magnífico! Bjs

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