ADIVINHO O MAR

Queria eu saber o que te dizer oceano
Tenho tanto a te contar e tão poucas palavras
Em teu seio jamais naveguei
Não conheço navios...
Não fui corsário...
Nem predei navios como feroz pirata
Fiquei aqui em tuas praias
Dei à mente as aventuras que o corpo não teve
Travei batalhas...
Sangrei...
Obtive vitorias...
Parti...
Na linha da praia vejo as sombras
A tarde vem caminhando para mim preguiçosa
As ondas não ligam para o tempo que passa
É o mesmo este mar que vejo agora?
Pra onde ele levou minhas historias?
Contos em garrafas?
Mapas do tesouro?
Ilhas... Apenas ilhas...
Oceano quisera eu conhecer teus segredos
Saber das profundezas abissais em que escondes monstros
Terrores para homens...
Serias e tritoes?
Serpentes famintas?
Só lendas... bem sei
Um dia acreditei que me darias aventuras...
E trouxe a tuas costas muitos poemas
Dias saudosos aqueles...
Escrever ao som do mar. vento oceânico a fustigar meus papiros
Imensidão...
Nenhum temor
Aqueles dias eu deixei para traz...
Segui em frente no fluxo inclemente do existir
Afastei-me do mar
Resignado rumo aos vales e montanhas
Belos lugares eu sei...
Novos mistérios?
Alguns...
Mas quando a tarde se faz rubra em um por do sol demorado
Quando sopra do sul aquele vento que quase... quase posso achar salgado
Eu postado em meu quintal olho paras as montanhas
Olho através das montanhas...
E adivinho o mar.

RODRIGO CABRAL

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Comentários

  • O poeta tem esse poder de ser adivinho e com os olhos da inspiração ele vê coisas que jamais viu. Belíssimo! bjs

  • O final é simplesmente lindo. Mesmo não tendo visto o mar, o poeta sabe dizer como ele é. Parabéns, Rodrigo, bela composição.

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