Atire o último verso quem nunca rabiscou
várias palavras dirigidas a um amor secreto
codificar em pensamento, acaso analfabeto
ou mentir pra si mesmo que jamais amou
Amar é voar pelo que é infinitamente finito
sentir na pele o que é difusamente abstrato
sangrar internamente em obediência ao rito
é sorrir aos ventos celebrando valioso trato
Espraiar-se na relva e adormecer ao relento
entoar canções noturnas, ensaiar dança a sós
sentir o coração bem leve - sem luz e nevoento-
gritar algo a plenos pulmões até perder a voz
Quem nunca rabiscou, pois, atire o último verso
deixe-se permanecer a alma vaga e emudecida
abandone-se por completo, fique sempre imerso
nas raias da postiça vivência vã e adormecida...
Rui Paiva
Comentários
Menestrel Rui Paiva boa noite! Aprendi uma vez a olhar o mundo de cabeça para baixo. Já pensaste como é que pode funcionar em determinados momentos? O que é secreto fica confidente. O que é ruim fica bom, o que é infeliz fica feliz, o que é triste fica alegre e, quando a gente olha para o chão, vê o céu. ( Amor secreto é o amor verdadeiro,
Que, por um azar, chegou atrasado. Mas com perfeito encaixe de corpo e alma. Na justa medida do pecado!)
A tire o primeiro e último versos quem nunca amou... escandalosamente lindo, Rui! Bjs
Exuberante! Minhas reverencias, Rui.
Parabéns!
Destacado!