É noite e meu corpo vagueia
Como um cão vadio sem canto e sem casa
Vem uma mariposa alheia
E repousa meus ais sob suas asas
A lua de longe observa
Os meus passos tortos cortando o silêncio
Da vida que ora me leva
Sem obedecer o que eu sinto ou penso
E o bicho que quer me pegar
Espreita paciente quando vou dormir
Medonho ele assusta o luar
E uma estrela medrosa que vem me cobrir
Repouso então os meus ais
Junto aos animais e fazemos preces
E ao dormir o medo se desfaz
E meus conflitos em paz uma vez mais...adormece
“aos que padecem na inquietação
entre a loucura e a razão
do imponderável juízo”
(Petronio)
Comentários
Viajei refletindo teu poema. Obrigada
Destacado!
Reflexão
Põe grades em tuas janelas e em tuas portas,
manda blindar tuas paredes de concreto,
pra que durmas o sono dos infantes,
sem medos e sem pesadelos.
Põe grades em tuas janelas e em tuas portas,
Pra que possas acordar e ir fazer a mesma jornada,
tomar o mesmo café com pão e abençoar os filhos
antes de sair com a tua marmita dentro da mochila.
Põe grades em tuas janelas, não por medo,
dos bichos sem razão, mas daqueles como tu,
bípedes e alcoólatras deste meio, corrompidos,
pelo musgo da sua própria matéria.
Edith Lobato - 17/09/16