Desfolhando o tempo

Sinto no apelo destes olhos que me fitam

um cego olhar rasgando as inquietações

inundando os beijos meus que ao teu redor

se despem e explicitam

Basta desfolhar o tempo repartindo-o

serenamente até onde gravitam

as respostas inconfundiveis

decifrando-te nos dispersos

murmúrios intangíveis

  • Registra minhas lembranças

quando ditas veementemente

no calor de tantos desejos

impassíveis

deixados degostar-te pela nesga

da vida onde te saboreio

tão promíscuo e peremptoriamente

  • Confesso não ter mais

antídotos pra me resguardar

dos vícios tatuados num verso

incompatível

Apenas bastava alcançar-te com palavras

irrefutáveis

silenciando tua fisionomia escondida

ente mim

e as carências de um olhar partilhado

inalando-te tão vulnerável

  • Que venha então a eternidade

descortinando nossa sobrevivência

deixada na cíclica manhã submersa

entre insuperáveis desejos acantonados

no tempo de todas as cumplicidades

vestindo as ilusões

num beijo versátil

pintado num dia onde sepultámos

de vez nossas insanidades

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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Comentários

  • 3604013?profile=original

    3603989?profile=original

    .

  • Esplêndido maravilhoso ameiiiiiii
  • É isso, o tempo vai passando e com ele a vida vai esmaecendo. Tudo vai se apagando e o fim é inevitável. Belíssimo poema, Frederico.

  • 3603942?profile=original

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