Desventuras
Se eu fosse valente
Dom quixote aventureiro
Destruidor de moinhos de vento
Se eu tivesse um vira-lata
Rabugento e risonho
E aquela lâmpada mágica
Esfregada por Aladim
Se encontrasse Macabéa
Tomando café amargo
Com cara de desgosto
Engolindo as auguras da vida
Sentaria ao seu lado decidida
E beberia o amargo gosto
De remar contra a maré
Lutar contra fantasmas
E rir por qualquer besteira
E, se antes a lâmpada
Era a solução ligeira
Agora não basta mais!
Ser quixote ou rabugento
E muito menos Aladim
Melhor não se arriscar
Os fantasmas saíram da sepultura
E andam sem lençóis e sem urros
Andam de sorrisos e gravatas
Causando o terror em massa
E onde ilhas inertes navegam
As ondas não marulham
E vão ao cárcere as Macabéas
Sem ao menos ter o café amargo
A adoçar os dias de vendavais
Jennifer Melânia
Comentários
Muito triste tudo o que vemos no gestão pública do País e nos serviços públicos, os ladrões estão engravatados, mas isto ja se sabe faz trocentos anos. Parabéns pelo teu espetáculo de poema.