Doente....

O mundo está doente...

As pessoas ao meu redor estão doentes...

Estou doente...

Doente?

De quê?

Doente de solidão, responde aflito meu coração.

Existem muitas pessoas no mundo...

Este número aumenta cada dia mais...

Muitas pessoas em minha cidade...

Em meu estado...

Em meu país!

Existem muitas pessoas no meu local de trabalho...

Muitas pessoas em meu condomínio...

Em minha família...

Existem muitas pessoas...

Por que me sinto tão só?

Por que parece não haver pessoa alguma ao meu lado?

É como se cada qual vivesse em seu mundinho próprio

Onde não existe mais ninguém...

Onde não se enxerga mais ninguém...

As pessoas não se olham...

E quando se olham não se veem...

As pessoas não se falam...

E quando se falam, falam de si mesmas...

As pessoas não se tocam...

E quando se tocam, buscam apenas satisfazer um instinto carnal e insano...

Ao cessar do toque, sente-se apenas o vazio de uma solidão que corta e corrói o corpo e a alma.

E o outro?

Não existe o outro.

Lembra?

As pessoas estão sós...

Eu estou só...

E quando foi que a solidão começou?

E quando terminou a procura, o encontro de olhares?

E quando foi que o dar e sentir calor deixaram de ser importante?

Quando as pessoas começaram a se sentirem sós?

Quando?

[...]

O mundo está doente...

As pessoas estão doentes...

Eu estou doente...

É uma doença crônica que vai esvaindo as forças... matando...matando... matando...

Solidão mata.

 

Elaine Márcia, janeiro de 2015.

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Elaíne Marcia

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Comentários

  • Sim

     Solidão  mata. lenta e agónicamente.

     O mundo esta doente, e nós com ele, como um solo corpo.

     Suscribo todo o que diz nessta maravilhosa obra, querida Elaine.

     Miles de beijos.

     Parabéns.


    3589841?profile=original

  • Vivemos a era da futilidade em que é preciso reflexão sobre a realidade para podermos nos manter sãos entre vírus que a infestam.

  • Infelizmente, estamos na era da artificialidade, da virtualidade onde tudo é descartável até o ser humano, Elaine.
    Belíssima crônica! Parabéns! Bjs

  • Amada poetisa, o mundo esta doente, as pessoas estão carentes, as fés estão descrentes, os governantes são indecentes!
    O momento é de resistência, de denúncia e de exigências de transformações. Êta lelê vamos lá? Abarcamentos.

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