DÚVIDA
Cabeça que pende
A mando da vida,
Quem há que sustente
A tua descida?
Pupilas além
Do jardim sem luz,
Outro espelho tem
Tão negro capuz?
Boca recolhendo
O mais duro ríctus,
Assim vai dizendo
Teus versos estritos?
Braços escorregados
Na encosta do corpo
São barcos tombados
No abismo sem porto?
Passo indeciso
Retoma os rastros.
É um sobreaviso
O rumo dos astros?
Soturno clarim
Soando te leva
Para esse festim
De dúvida e treva.
(E. Rofatto)
Comentários
Eita poeta, que poema mais retado de bom!
Eu gosto muito de rimas assim como as tuas... parece que tem ginga!
Fui lendo e viajando na história de vida...
E a música... ah! adorei!
Meus respeitos!
Abraços fraternos!
: )
Se todas às vezes que a sua mente se inquietar, você se inspirar com tantas dúvidas como essas, desejo que você viva sempre inquieto. só assim, teremos o prazer de ser presenteados com obras tão maravilhosas, assim. Parabéns poeta,
Sou um poeta soturno amante da alcoolizada dama que é à noite! Cabeça que pende. A mando da vida.
Quem há que sustente. A tua descida? Parabéns poeta! Perdoe-me por está na celeridade do seu poema.
Grato, MIL! Generosa sua visita e o seu comentário!
O sucesso dos vocábulos é de quem faz deles a escrita, imortalizando-a na concentração de cada leitor. Felicitações!
Grato, S
Dúvida , quantas dúvidas temos ao longo da vida né. Amei teus versos menino! Parabéns
Grato, Marta! Esse comentário generoso envaideceu-me! Fico feliz que minhas palavras tenham ecoado na sua sensibilidade.
Quando eu era pequena eu achava que só os idosos assumiriam o ser gafanhoto, mas com o passar do tempo e a maturidade fui observando que a vida bate e muitas vezes esses tapas vem dó nem piedade, muitos ficam e se deixam abater tombando os braços ao longo corpo, o queixo em direção ao peito, eu olhei estas coisas e pensei, se fossem águias estariam mortos, pois sem força para o voo de renovação, seria o fim.
Gosto das redondinhas menores, são belíssimas, porém demanda técnica e paciência.
É um prazer ler-te, Edvaldo. Precioso poema!
Destacado!
Grato, Edith! Prazer verdadeiro, genuíno mesmo, é ler a sua apreciação cuidadosa dos meus escritos. Você, sempre atenta e generosa! Reitero minha gratidão!