Entre paredes

Às vezes eu ouço seus pedidos de socorro
De todos aqueles afogados no mar
Submersos sem piedade
Às vezes parece que entendo
Que sei o que querem assim tão quietos
Estão procurando uma fuga das sombras
E como correr durante todo o dia tentando escapar da noite que chega
E como sentir as pernas pesadas
Nem imaginam o quanto estão distantes
Saindo tão doidos pras trevas das ruas
Tão altos
Tão ébrios
Como se isso fosse o bastante
E fácil sentir-se o dono do mundo
Iludir-se com as redias imaginarias da própria vida nas mãos
Eles cavalgam nas veias os ácidos alucinantes
Perdem o contato com a existência
E acham que são reais
Como se não fossem importantes
Todos mudaram não são mais o que eram
Agora descansam como múmias apodrecidas nas soleiras das arvores
Veteranos jovens de batalhas perdidas
Às vezes eu os ouso rindo
Tão histéricos
Sem rumo
Gritando nas avenidas iluminadas
Gritando em silencio como sombras furtivas
Como mártires sem esperança
Tão mortos e tão velhos
Ainda aos dezesseis
Como o tempo passa depressa e terrível pra eles
E para-nos
Trancados na sela com as chaves das grades nas mãos
Mas não sabemos como usalas
Permanecemos presos
Só nossas quedas e que são diferentes
E nos juramos livres
Iludidos chocando-se contra as paredes
Às vezes posso ouvilos quebrando
Não e um som agradável
Eu sei o que esta acontecendo
E sinto medo
Vem vamos esperar como eles esperam
O inevitável já vem
Ele sempre chega
Ousa seus passos pesados no corredor
Como loucos
Como monstros
Como doentes
Somos todos assim iguais
Estamos chegando pra você também.

RODRIGO CABRAL

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Comentários

  • 3649528?profile=original3649559?profile=original
    3649586?profile=original

  • E como somos todos iguais Rodrigo, só precisamos deixar o nosso egoísmo de lado e procurar viver como gente de verdade, sem querer dominar o outro e nem dominar o mundo. Muitos tem morrido nas águas, gente que prefere escolher o tormento de do desconhecido a ficar no inferno da guerra, gente que mata em nome de Deus, gente que usa Deus como escudo para a suas irracionais insanidades. Parabéns pelo maravilhoso texto.

    Destacado!

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