Ontem eu a vi
Divagando com taças de vinho
Só o álcool como conselheiro
As coisas não estão tão ruins assim garota
Às vezes vejo você na roleta russa
Tentando adivinhar onde esta a bala
E quem será o próximo?
Não devia ser assim
Não precisava
Você já da sinais de cansaço
Perdida entre a conversa e a cerveja
Absorta em fumaça de maconha
E um mundo idiota
E eu a vejo voltando na madrugada
Andar trôpego a boca borrada dos beijos
Da noite
Às vezes desgastada das trepadas
E diz chorando ao espelho que esta foi
Uma noite vazia
Sem perceber que assim (vazias)
Foram todas as outras
Eu a vejo repetindo isto ate o fim da vida
Não se diverte, mas ri nervosa.
Negando que dói
Achando que passa com uísque
Eu a vejo roubando prateleiras nos supermercados
Só pelo prazer ou pela fama
Sua turma fazendo barulho dentro de um carro
Você achando que tudo e perfeito
Eu a vejo chorando no escuro do quarto
E sempre assim quando você desperta
E tudo ainda esta La
Eu a vejo nos braços de um cara
Ontem era outro
Quantos serão ate o fim da semana?
Quando e que você vai encontrar o que procura?
Será que sabe ao menos o que é?
Eu a vejo nua no Box do chuveiro
Sentindo a água cair
Levando consigo os dias passados
Eu a vejo com rasgos nos pulsos
Água tingida de escarlate levando sua vida para o ralo
Eu a vi desistir naquele dia
E chorei de tristeza
Agora caminho sozinho nas ruas
Não a vejo mais.
Rodrigo L. Cabral
Comentários
Menino Rodrigo, quero te dizer que gostei muito do seu jeito de escrever!
É forte... intenso e cheio de sentimentos!
Meus respeitos.
Abraços fraternos.
: )
Nossa, versos duros e realistas. Poema que reflete a realidade de muitas jovens e nos coloca diante das indagações dos porquês deste caminho.
Parabéns, Rodrigo.
Destacado.
Diz-se que as pessoas roubam porque têm fome, porque sentem necessidades, porque são pobres, porque não têm oportunidades. Esta explicação sempre me irritou. É o vício das drogas e do álcool deforma o caráter do usuário, ou o vício revela quem realmente o usuário é através de suas atitudes?
Bem, em minhas primeiras navegadas pelas suas ilhas literárias só posso dizer que sempre terei meu caiaque ancorado aqui!