E assim decorre a vida
perante o olhar melancólico
onde sucumbem palavras
e todos os actos de fé meditativa
- Assim escrevinho os saberes
sofridos de vida
Replico perante todos os simbolismos
do tempo
num naipe de versos fartos
inspirados em cada cíclica
palavra de sabedoria
que tua nudez desponta
em plena e imaginária euforia
- Assim como no vazio
do tempo me emprestaste
teus factuais beijos
assim te deixo meus segredos
a ti subordinados
em alegorias perfeitas
em prantos e regozijos enrraízados
em cada saudade sitiada
confessa homenageada
em cada estupefacta e ardente
manhã que por nós se aventura
livre e tão insuspeita
- Será longo meu despertar
assim em catapulta mal rompa o dia
e se fechem tuas pálpebras aos
consumidos desejos
colorindo cada sagaz e íntimo olhar
a preceito
- Ali então espelhamos cada solidão
mais egoísta
Madrugaremos com cuidado
a noite que arde fugaz
entre todas as lembranças
guarnecidas de vida
que galgam e espreitam outras
ferozes distâncias
libertando este meu imaginário onde
deixo o vazio em ressonância
sarando e penteando as tristezas com poemas
desaguando no rasto do teu esplendor
onde submerjo afogado-me
entre porções de pura e irreverente elegância
Frederico de Castro
Comentários
Poema longo e cheio de simbolismo. Parabéns mais uma vez.