Em cada poente renasce
fiel
toda a cumplicidade
quando pende pra ti
meu sol envergonhado
te abraçando de soslaio
- Deleito-me com os fados desta vida
murmurando-te encarcerado
juntinho a cada faúlha de tempo
que me foge exasperado
- Restaram lembranças
constantemente inacabadas
embaladas
e esquecidas numa perdida gargalhada
adormecendo cuidadosamente
confeccionada no teu esbelto infinito
- Fez-se um eco correndo
veloz no dia
vestindo a manhã ornamentada
de beijos estupefactos
deliciosamente nos envolvendo
até que asfaltes de vez
tantos sonhos inesperados
- Deixa que o inverno neste dia
se repita numa enxurrada
e abraços tão predadores
escapulindo a tristeza
em cada migalha de vida
numa hora eterna
reconfortando nossos retratos
estampados
num gomo de luz transpondo
todos os véus deste céu
repleto de um fiel silêncio
enamorado
- Amanhã percorrerei as mesmas
veredas do tempo
perfumando a terra com
teus incendiantes desejos
espalhando aos ventos
todas as paisagens onde te
invoco pernoitando súbtilmente
em cada impacto
de um beijo teu
deixado ali na penumbra do dia
anandonado…meticulosamente
- Os sonhos cercam cada lamento
esquecido
esgueirando-se em muitas horas
dissipadas num olhar meridional
compelindo nossos vendavais
até ao louco despontar da
solidão deflagrando em sílabas
sedentas de paixão
desatando os grilhões do silêncio
onde pronuncio teu súbtil ser
quietamente
vagando em mim toda em bulício
espontaneamente
Frederico de Castro
Comentários
Nossa! Que momento mágico de tua inspiração. Belo poema.
Um poema tão cheio de boas metáforas que tive que lir varias veces para não perder-me...
Muito belo, Frederico.
Parabéns!
Bem hajas.