Lençóis de luar

Ser poeta

destro nas palavras

decifrando a coragem

eternamente fogosa

falando em minhas memórias

imaturas

despidas de desejos

no tempo incrustado

no palco de todas as efemérides

pintadas na raiz de cada velatura

- Ser fúria

exposta em cada enrredo

onde se tatuam com dores

de parto todas as alvoradas

acesas numa noite enrolada

em lençóis de luar iluminando

todas as pegadas deste verso

imergindo na grafia eloquente

onde de enxurrada derramas

teus prantos

fertilizando a terra na foz

de todos os nossos desencontros

- Deixar no refugio do tempo

toda a avalanche de instintos

em lamentos

Exonerar nossas cumplicidades

diluindo em beijos

a chama febril que tateia

este ritual de acalentos

- Provocar-te arrepios

descobrindo-me sedento

parindo cada vício deixado

no compartimento camuflado

desta poema proscrito

em desmantelamento

- Deixar entre vãos da saudade

todo o silêncio deslumbrado

absorvendo o breu da noite

que parte sulcando os horizontes

do tempo onde se apaziguam

enamorados

nossos retratos arfando na

entrega de um apelo atado

a cada contorno do teu ser

onde sossego o fio da

existência empanturrando

nossas almas no derradeiro

e solene sorriso conivente

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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Comentários

  • Nossa, que bom, Federico!

    De novo um poema em versos brancos e culteranos demais, mais que belos e interesantes!

    Fantástico, poeta.

    De fato, se colocamos os versos unidos, tería-mos uma prosa neobarroca muito boa.

    Obrigada por compartilhar.

     Gostei demais.

     Bravo

     Abraços.

    3592348?profile=RESIZE_1024x1024

  • Uma obra espetacular, belo, sem palavras.

    3592495?profile=original

  • 3592363?profile=original

    • Que lindo!

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