A tarde liquefeita em compartilhamentos,
curtidas e momentos
que chutam o baixo ventre,
borram a pregação do crente,
apunhalam silicones,
vomitam o cru que comem,
arrotam impropérios,
mijam germes e mistérios,
usando o wi fi emprestado
no smart surripiado...
Na femural da noite mal dormida,
esclerosada e perigosamente entupida,
rolam papos-cabeça,
solidão como sobremesa,
picadas culturais,
fofocas, leva e trás,
cantadas sem escrúpulos,
amigos fakes, ocultos,
ilusões e nada mais.
No fígado da Rede esburacada,
publicações expelem em enxurradas,
fétidas excrescências biliares,
de Sócrates à Zumbi dos Palmares,
vernizes intelectuais,
putas angelicais,
rufiões cheios de ginga,
a menininha que xinga,
e uma velha com um rapaz.
No coração do dia infartado,
o que vemos por todo lado,
são aparelhos ligados
aos cérebros atrofiados
mantidos e conectados
pelo êxtase dos papos furados,
games irados, mini-recados,
totalmente infectados,
moribundos como jamais.
Comentários
Maria Angélica de Oliveira: Sua presença, igualmente, me encanta... Bjs do Paolo.
É uma pena que os laços reais e os valores tenham sido substituídos pelo fútil das redes sociais.
MarsoalexO fato de concordar, além de me agradar, me honra. Bjs. do Paolo.
É assim que estamos presenciando a geração que vai gerar a geração do futuro. Só faltou a autoria, abaixo. Poema maravilhoso, Paulo.
Edith Lobato: Preocupação geral, né ? Bjs do Paolo.